Livro reconta momentos políticos do Rio na época do Golpe de 64
Em <em>1964: o Último Ato</em>, o jornalista Wilson Figueiredo reúne seus artigos publicados na época
A capital do país já era Brasília, mas foi no Rio que se deram os principais movimentos geradores do golpe de 1964. No dia 13 de março, por exemplo, o presidente João Goulart fez, em frente à Central do Brasil, um comício em defesa das reformas de base, que deixou arrepiados os quartéis e a elite. Também foi aqui que aconteceu, duas semanas depois, o motim dos marinheiros, e por causa dele viria o discurso de Jango, no dia 30, no Automóvel Clube, em que apoiou os revoltosos. Esse clima pelo qual passou a cidade está em 1964: o Último Ato, livro que Wilson Figueiredo, naqueles tempos colunista do Jornal do Brasil e hoje ainda na ativa, aos 91 anos, lança na segunda (27), na Argumento do Leblon. É uma compilação de seus artigos da época. Um dos capítulos chama-se “Antes”, com textos publicados entre 23 de fevereiro e 29 de março. Outro capítulo, “Depois”, envereda pela expectativa das prometidas eleições de 1965 e passa a analisar as primeiras medidas do marechal Castelo Branco. Especialmente tocante é o trecho que fala do encontro entre o ex-presidente Juscelino Kubitschek e Jango no Palácio Laranjeiras, na tentativa de contornar a crise. Em vão.
O PAPEL DE CADA UM
Os protagonistas da política e os cenários cariocas que fizeram parte da crise
João Goulart: O presidente lutava para permanecer no poder e nesta foto, do dia 30 de março, discursa no Automóvel Clube, na Rua do Passeio, no Centro.
Carlos Lacerda: O governador assistia a tudo do Palácio Guanabara, já aventando a possibilidade de tentar a Presidência.
Leonel Brizola: Cunhado de Jango, também discursou no famoso comício da Central, em 13 de março, em frente ao Ministério da Guerra.
Jucelino Kubichek: Reuniu-se com o presidente João Goulart no Palácio Laranjeiras, no próprio dia 31, numa tentativa de evitar o golpe.