No Rio, como em Paris
Livro conta a história da Parc Royal, loja de departamentos que teve o seu auge entre 1910 e 1920, na belle époque carioca
Hoje o Rio respira inglês, repleto de prédios e lojas com nome na língua do Tio Sam ? e a Barra é o melhor exemplo disso. Mas houve um tempo em que a França, em vez dos Estados Unidos, é que dava as cartas por aqui. No início do século XX, copiávamos arquitetura e moda de Paris, e tínhamos projetos urbanísticos inspirados no que se fazia na Europa, não em Miami. Nesse ambiente, teve seu auge, entre 1910 e 1920, a loja de departamentos Parc Royal. Aberta em 1873, no Largo de São Francisco, no Centro, ela foi protagonista da chamada belle époque em terras tropicais. Oferecendo roupas importadas, tornou-se pioneira, no país, por investir no culto à sedução feminina, ao mesmo tempo em que criava linhas para o público infantil. Também rompeu barreiras comerciais ao vender produtos por catálogo (além dos expostos na vitrine) e ao investir em “anúncios de oportunidade”, peças publicitárias que se valiam de fatos da vida da cidade. Assim, a visita do rei da Bélgica ao Rio (em 1920) e a festa do centenário da Independência do Brasil (em 1922) acabavam virando tema de propagandas. O apogeu e o declínio da loja (em 1943, foi consumida por um incêndio) estão em Parc Royal: um Magazine na Belle Époque Carioca, livro de Marissa Gorberg, recém-lançado pela Casa Editoral G. Ermakoff, desdobramento de sua tese de mestrado na Fundação Getulio Vargas.