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Orgulho acadêmico

Ao lado de Joaquim Barbosa e Luiz Fux, Luís Roberto Barroso é o terceiro ministro da mais alta corte do país que dá aula na faculdade de direito da Uerj

Por Letícia Pimenta
Atualizado em 5 jun 2017, 13h58 - Publicado em 19 jun 2013, 16h31

A indicação do advogado constitucionalista Luís Roberto Barroso para ocupar uma cadeira do Supremo Tribunal Federal (STF) inflou ainda mais o orgulho dos estudantes de direito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Depois de passar pela sabatina do Senado, Barroso tornou-se o terceiro ministro da mais alta corte do país que pertence ao quadro docente da Uerj. Os outros dois são Joaquim Barbosa, atual presidente do STF, e Luiz Fux. Pelos corredores da universidade ou nas redes sociais, é flagrante a euforia dos alunos, que expressam essa apoteose cívica seja de maneira informal (“arra, urru, o Supremo é nosso”), seja fazendo uma exaltação do curso que está entre os melhores do país e se consagrou pela formação de excelência com foco na carreira pública. Aluna do 3o período e inscrita na cadeira de direito constitucional, ministrada por Barroso, Caroline Accioli, 20 anos, mandou confeccionar camisetas vermelhas que estampam no peito o sobrenome do trio de ministros em destacadas letras azuis. Já vendeu aos colegas quarenta peças, a 30 reais cada uma. “O professor Barroso é uma inspiração para todos nós. Seu novo posto certamente vai resultar no aumento da procura pelo curso”, afirma a estudante, que planeja fazer carreira na Promotoria ou na Defensoria Pública. Ela foi uma das signatárias da carta feita pelos estudantes parabenizando o mestre, alçado ao Supremo no lugar de Carlos Ayres Britto, que se aposentou em novembro. “A presença deles no curso é a materialização da nossa excelência acadêmica, que conseguimos manter a despeito das dificuldades”, afirma Carlos Eduardo Guerra, diretor da faculdade.

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Mais antigo professor entre os três ministros, Luiz Fux sempre fez questão de manter o vínculo com a Uerj, na qual ingressou como aluno em 1972 e com a qual mantém uma “história de amor que nunca terminou”, apesar da distância forçada dos últimos tempos. Ao se tornar ministro do Superior Tribunal de Justiça e, mais recentemente, do STF, ele se mudou para Brasília e passou a lecionar por meio de videoconferências para as turmas de mestrado e doutorado e ocasionalmente dá aulas de corpo presente às segundas de manhã na pós-graduação. Conhecido pelo jeito descon­traí­do, Fux se notabilizou entre os pupilos não só por sua didática atraente, mas também por ser acessível. No convívio extraclasse, ele relembra o caso de uma aluna a quem ajudou a superar graves problemas emocionais. Tempos depois, ele recebeu uma ligação da moça direto de Paris, dizendo que se casaria naquele dia e agradecendo-lhe o apoio. Em outro episódio, no Dia do Pendura ? em que por tradição os alunos de direito se reúnem num restaurante e não pagam a conta ?, Fux conseguiu livrar os “caloteiros” que haviam sido levados a uma delegacia, e ainda prestou depoimento como testemunha na ação cível movida pelo estabelecimento. “A sala de audiência parecia uma arena romana repleta de estudantes. No fim, as partes fizeram um acordo, celebrado em um novo jantar”, conta Fux. Recentemente, para embasar seu voto no STF sobre o sistema de cotas raciais, ele citou a Torcida República Democrática do Congo, criada pelos alunos da Uerj nos Jogos Universitários como forma de combater o preconceito ? a instituição foi pioneira ao adotar o polêmico critério, há dez anos. “Minhas melhores lembranças são originárias do convívio com os alunos”, diz o ministro. Seu novo colega de plenário, Luís Roberto Barroso, há de concordar. Em depoimento para comemorar os setenta anos do curso, completados em 2005, ele também retrocedeu a seus tempos de aluno da faculdade de direito, onde entrou em 1976 e teve participação ativa no centro acadêmico em pleno período turbulento da ditadura militar. Ligado afetivamente à Uerj, o mais novo integrante do Supremo teve a primazia de dar a aula inaugural deste semestre, em 18 de abril.

A possibilidade de aprender com mestres de alto nível e no topo da carreira é o principal apelo do curso, que conta com 100 professores. Ainda a seu favor, possui uma estrutura que alia a teoria das salas de aula à prática forense. Na lista de atividades complementares, destacam-se o escritório-modelo, que atende a população pobre, e a residência jurídica, um programa de treinamento que inclui participação em audiências e acompanhamento de processos. Naturalmente, o funil de admissão é bem estreito. Com a relação de 29 candidatos por vaga, a faculdade de direito só perde para a de medicina no grau de dificuldade do vestibular. “Quem está aqui merece, porque se empenhou muito”, afirma Vynícius Guimarães, 19 anos, aluno do 3o período, aprovado quando ainda cursava o 2o ano do ensino médio. “Isso só aumentou meu entusiasmo”, diz ele.

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