O último antropofágico
Retrospectiva reúne 120 trabalhos do desenhista mineiro Clécio Penedo (1941-2004)
Um dos principais nomes do desenho brasileiro contemporâneo, Clécio Penedo (1941-2004) é lembrado na retrospectiva Notas de um Percurso Gráfico ? 50 Anos de Arte. Reunido para marcar a passagem de seus 70 anos de nascimento, o acervo selecionado pelo curador Edson Borges apresenta 120 obras em variados suportes, distribuídas por catorze séries. Foram escolhidas pinturas realizadas entre 1956 e 1973, período em que Penedo se dedicou à técnica aprendida na Escola Nacional de Belas Artes. Em outro segmento entram os desenhos das séries Geróticos, Inominados e Corpo sem Cabeça. Esses trabalhos são fruto de influências de Ivan Serpa, Aluízio Carvão e Eduardo Sued, alguns dos seus mestres no Centro de Pesquisa e Arte e no MAM.
Não faltarão também os conjuntos de obras em que o artista mineiro conjuga a irreverência da pop art com a essência do Manifesto Antropófago, de Oswald de Andrade (1890-1954), postulando a construção de uma identidade nacional com ênfase nas raízes indígenas. Tais manifestações, que criticavam a colonização cultural europeia e americana nos anos 70, poderão ser vistas nas séries És Tupi do Brasil, Cartilhada, Comei-vos uns aos Outros e Jary. No texto escrito para a mostra, o crítico
e professor de história da arte da Uerj Geraldo Edson Andrade afirma que a produção de Penedo é uma das mais próximas da teoria antropofágica de Oswald, mentor da Semana de Arte Moderna de 1922.
Notas de um Percurso Gráfico ? 50 Anos de Arte. Museu Histórico Nacional ? Casa do Trem. Praça Marechal Âncora, s/nº, Centro, ☎ 2550-9220. → Terça a sexta, 10h às 17h30; sábado, domingo e feriados, 14h às 18h. R$ 6,00. Grátis para menores de 5 anos e pessoas com mais de 65 anos. A bilheteria fecha meia hora antes. Grátis aos domingos. Até 25 de novembro. A partir de quinta (6). https://www.museuhistoriconacional.com.br.