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Documentário resgata os 30 anos de história do Circo Voador

Para comemorar as três décadas do Circo Voador, selecionamos shows que marcaram a história do palco mais importante do Rio

Por Ernesto Neves
Atualizado em 5 jun 2017, 14h31 - Publicado em 12 jun 2012, 14h00

Palco mais democrático e diversificado do Rio, o Circo Voador completa em 2012 três décadas de existência. Desde o início improvisado no Arpoador, quando abriu as portas para as novíssimas bandas do rock nacional como Blitz e Paralamas do Sucesso, o Circo mantém o espírito hippie de conviver harmoniosamente com as mais diferentes manifestações culturais, da MPB ao rock internacional, passando por ritmos nordestinos e até bailes funk.

Para resgatar as muitas histórias de sua existência, está sendo produzido o documentário Circo Voador, o Filme, dirigido por Tainá Menezes. O longa deve estrear em outubro e conta com depoimentos de figuras decisivas, como Evandro Mesquita e Lobão, além imagens raras de arquivo. (Confira aqui o trailer). Para ajudar nesse mergulho musical que remonta ao dia da inauguração, em 15 de janeiro de 1982, até datas atuais, elencamos momentos que marcaram para sempre a trajetória do Circo.

Inauguração. No escaldante verão de 1982, o Rio respirava liberdade e irreverência. Antenados com esse espírito, artistas liderados pelo grupo teatral Asdrúbal Trouxe o Trombone macharam da Praça Nossa Senhora da Paz até o Arpoador para reinvindicar a instalação de uma tenda para shows no início de Ipanema. Entre os envolvidos, Regina Casé, Evandro Mesquita, Luiz Fernando Guimarães e Perfeito Fortuna, hoje responsável pela Fundição Progresso.

Blitz. Com Evandro Mesquita, Márcia Bulcão e Fernanda Abreu nos vocais, o grupo trouxe a irreverência e o colorido para o centro da música brasileira em 1982. Ator de teatro, Evandro resolveu criar um grupo musical que integrasse performances às apresentações. “Uma das coisas mais indas que já aconteceram em Ipanema foi aquela nave espacial pousar ali”, conta Mesquita no documentário. O estouro foi imediato e, em três meses, a Bitz vendeu 100.000 cópias do compacto Você não soube me Amar.

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Gang 90 e as Absurdetes. Se os anos 80 tiveram um marco inicial, pode-se dizer que os roqueiros de São Paulo foram os responsáveis. Liderado pelo jornalista Julio Barroso (1953-1984), o trio estourou no Festival MPB Shell 1981 com o single Perdidos na Selva. No verão de 82, enfileiraram seus sucessos no palco do Circo.

Barão Vermelho. Cazuza (1958-1990) foi um dos entusiastas do Circo e estava na passeata pela criação do espaço. Com a falta de espaços no Rio abertos ao nascente rock brasileiro, ele viu no palco uma chance de mostrar o LP Barão Vermelho, primeiro álbum do grupo criado em 1981. Entre as músicas de maior sucesso naquele verão carioca está Todo Amor Que Houver Nessa Vida. A banda voltaria a tocar no Circo nos anos seguintes, em eventos como o festival Rock Voador, em 1983 (assista ao show aqui).

Paralamas do Sucesso. Recém-chegado de Brasília, o trio teve seu momento inesquecível ao dividir o palco com Renato Russo (1960-1996) durante uma apresentação em 1983. Juntos, cantaram Química, sobre um estudante que precisa passar no vestibular. (Confira aqui).

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Celso Blues Boy. Não dá para falar de Circo Voador sem citar o cantor, compositor e guitarrista carioca. Foram nada menos que 104 apresentações na casa, número que faz dele o recordista de shows.

A mudança para a Lapa. Com o fim do verão de 82, o Circo Voador foi fechado à força. O impasse por um novo terrano para armar a lona cultural terminou em outubro daquele ano, quando voltou a funcionar na Lapa. Uma ousadia, já que o bairro estava abandonado e longe de ser o epicentro cultural carioca dos dias de hoje.

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Raul Seixas e Marcelo Nova. Em 1983, Raulzit o foi à Lapa para conferir o show do Camisa de Vênus. Durante o espetáculo, o líder do grupo, Marcelo Nova, convidou Seixas para um dueto. Nascia ali uma das amizades mais importantes do rock nacional, que resultaria no disco A Panela do Diabo e em mais de 50 apresentações juntos.

James Taylor. Em 15 de janeiro de 1985, um público cheio de esperança lotou a casa para comemorar a eleição de Tancredo Neves à Presidência da República. Depois de um show inesquecível no Rock in Rio, dias antes, o músico foi levado ao Circo por Caetano Veloso, e acabou dando uma canja no show do baiano cantando You’ve Got a Friend.

Cássia Eller. Em 1990, a tímida menina de Brasília gravou no Circo seu primeiro especial para a televisão, que foi exibido pela extinta Manchete. Cássia (1962-2001) cantou composições próprias e sucessos do rock, entre eles Eleanor Rigby, dos Beatles, interpretação que pode ser conferida no Youtube.

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Tim Maia. O Síndico da MPB fez uma série de shows inesquecíveis em 1992. Ele gostava tanto da casa que chegou a declarar “Eu sou o bispo Tim Maia e tenho meus adeptos: chamo os ‘doidões’ para o Circo Voador e faço o meu show”.

The Wailers. A apresentação da banda de Bob Marley (1945-1981) poderia ter terminado em tragédia. Durante o show, em 1992, a multidão derrubou as grades do Circo, e 6.500 pessoas apareceram para curtir o reggae jamaicano, número recorde na história do Circo. Destas, apenas 4.500 pagaram pelo ingresso.

Buddy Guy. Quem esteve no show do guitarrista e cantor americano não esquece a performance inspiradíssima, e até hoje relembra seus solos de guitarra durante daquela noite de 1993.

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Ramones. Expoentes do movimento punk, os roqueiros desembarcaram na Lapa em novembro de 1994.

Ratos do Porão. Em 1996 aconteceu o mais duro golpe. O então prefeito, César Maia, foi comemorar a eleição de seu sucessor, Luiz Paulo Conde, no Circo. Naquela noite, acontecia um show do Ratos do Porão, banda punk liderada por João Gordo. Sob vaias do público, os dois deixaram o local constrangidos. Dias depois, Maia ordenou o fechamento do Circo alegando problemas como a falta de isolamento acústico.

Coletânia Paredão. Nos anos 90, participantes da nova cena roqueira reuniram-se lá para participar da coletânia Paredão. Gravado em 1996 na casa, contou com bandas como Funk Fukers, Profeta, Poin Dexter, Kamundjangos e Sexy Noise.

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A reabertura. Foram necessários oito anos de briga na justiça até que, em 2004, a responsável pela casa, Maria Juçá, conquistasse o direito de reabri-la. O governo municipal teve de reconstruir a arena e gastou 1,8 milhão de reais para reformar todo o espaço.

Planet Hemp. Depois de uma década no topo das paradas, o grupo fez sua derradeira apresentação em 2004. Cinco mil pessoas foram ao espetáculo para ouvir Legalize Já, 021, e outros sucessos.

Franz Ferdinand. Os escoceses tocaram lá em 2006, mas até hoje citam a apresentação como uma das melhores da carreira.

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