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Circuitos exaltam obras de arte espalhadas pela cidade

Indicada por curadores a pedido da ArtRio, roteiros passam pelas mais diversas expressões artísticas no Rio

Por Luna Vale
Atualizado em 2 jun 2017, 12h28 - Publicado em 8 set 2015, 12h36

O que começou apenas como uma feira internacional de arte em 2011 extrapolou os limites do Píer Mauá para se tornar uma referência no assunto durante todo o ano. Desde a sua segunda edição, a ArtRio investe em circuitos artísticos pela cidade, indicados por curadores mais diversos. As opções são pensadas para agradar a todo tipo de público, de mosaicos em Copacabana, a esculturas urbanas de artistas famosos, passando por passeios a pé. São obras, pinturas e construções que já fazem parte do dia a dia do carioca e que podem ser vistas o ano todo. O objetivo é aproximar moradores e turistas do mundo das artes.

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VEJA RIO separou alguns roteiros e conversou com alguns curadores para saber um pouco mais sobre as escolhas.

  • Roteiro Mosaicos de Copacabana – Leila Pugnaloni

A artista plástica criada em Copacabana sugere esse roteiro pelo bairro de coração. Edifícios erguidos nos anos 40 e 50 e fachadas de parques servem como uma grande vitrine de mosaicos de artistas como Athos Bulcão, Lygia Clarck e Paulo Werneck.

          1.Painel de Mario Carneiro – Rua Pompeu Loureiro 119

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Grafismos geométricos que definem uma espécie de padronagem tricolor, talvez a única obra realizada em mosaico do fotógrafo e cineasta.

          2. Painel de Athos Bulcão – Rua Bolívar, 7

Um dos painéis do artista, antes de criar suas obras monumentais em Brasília, no hall de um edifício particular.

          3. Paineis de Paulo Werneck – Rua Dias da Rocha, 12 e Anita Garibaldi, 5

Um verdadeiro mestre na criação de obras em mosaicos, Paulo Werneck criou lindos painéis em Copacabana.

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          4. Mural de Millôr Fernandes – Avenida Nossa Senhora de Copacabana, 1100

O mais novo painel do roteiro, uma homenagem ao frescobol, assinado por Millôr Fernandes, na Praça Sarah Kubistchek. Aqui faço uma licença poética e fujo levemente do tema do roteiro, pois a obra foi realizada em azulejaria.

          5. Moisaco de Burle Marx

Passear por Copacabana e olhar para o piso das calçadas é como se estivesse em uma exposição a céu aberto, graças ao talento de Burle Marx, que deixou um acervo permanente com suas obras em mosaicos de pedras portuguesas.

          6. Painel de Noêmia Guerra – Rua Júlio de Castilhos, 60

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Criado, em 1956, na fachada de um edifício residencial, o painel possui um preciso trabalho de junção de linhas retas e curvas, com uma mistura de pastilhas de, pelo menos, uma dezena de cores.

  • Circuito O Rio de Weissmann – Daniela Name

Curadora indica obras do austríaco Franz Weissmann, um dos maiores nomes do Neoconcretismo. Ao longo de sua carreira, projetou obras para lugares como a Rua Luis de Camões, na Praça Tiradentes, e o Parque da Catacumba. Criou até um jazigo, em aço corten e com formas geométricas, localizado no Cemitério São João Batista. Proponho aqui um roteiro com sete das minhas peças favoritas.

O-Rio-de-Weissmann
O-Rio-de-Weissmann ()

          1. Encontro, 1985 – Rua do Carmos, s/n, Centro

Além de se referir ao encontro de duas fitas, ou duas secções de um cubo, o nome da peça também explicita o diálogo entre a obra e dois estilos de arquitetura: o prédio espelhado da faculdade e o reflexo das fachadas do Centro Histórico do Rio.

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          2. Terra, 1958-1983 –  Rua da Assembléia, s/n, Centro

Corte e desencaixe passam a ideia de um globo terrestre, mas também de um relógio de sol – tempo e espaço conjugados. O aço sem pintura, sujeito a passagem do tempo, reforça esta questão.

          3. Lâmina larga em torção no espaço, 1980 – Av. Pasteur, 138 – Botafogo

Graças à torção que Weissmann cria na forma simples de um quadrado, a escultura vai se modificando a cada passo dado nas proximidades.

          4. Espaço circular em cubo virtual, 1958-1978 – Av. Infante Dom Henrique 85 – Parque do Flamengo

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Os círculos criam volumes imaginários na forma do quadrado e estabelecem uma comunicação com o prédio do MAM, jóia assinada por Affonso Eduardo Reidy, e os jardins de Burle Marx.

          5. Coluna média em cantoneiras diagonais, 1977 – Av. Marechal Câmara 171, Centro

Projeto em parceria com Burle Marx, responsável pelo jardim-terraço do prédio. Os anos 1970 marcam também o uso da cor: “Tive necessidade de colorir meus trabalhos porque no fundo, talvez, quisesse ser pintor”, disse o escultor.

          6. Estrutura em diagonal, 1978 – Av. Epitácio Pessoa, 3000, Ipanema

A estrutura desta escultura lembra um origami, reforçando o trabalho de corte e de dobra que ele fazia em suas peças. Há um diálogo com a obra de Amilicar de Castro e com os “Bichos” de Lygia Clark.

          7. Quadrado em torção no espaço, 1985 – Av. Vieira Souto 176 – Ipanema

A ideia de torção cria uma diagonal que sugere um duplo movimento, subvertendo a noção de quadrado.

  • Circuito Prazeres Acessíveis – Claudia Hersz

A artista plástica, que também participa do projeto Intervenções, criou um roteiro alternativo ao Rio $urreal. “A cidade ficou muito cara, então eu resolvi fazer algo que a galera que vem de mochilão possa fazer”, explica contando que todo o roteiro pode ser feito de transporte público. Ela ressalta que escolheu pontos que muitas vezes os próprios cariocas não conhecem ou não apreciam no dia a dia da cidade. 

          1. Pedra do Leme e Forte Duque de Caxias (Forte do Leme)

De frente para o mar, na extrema esquerda da praia, está a Pedra do Leme, de onde se tem uma vista total da Praia de Copacabana. A linda curvatura – associada à iluminação dos postes da década de 50 – originou a expressão “Colar de Pérolas” para definir esta visão. Logo ao lado, é possível subir por uma estradinha de paralelepípedo em meio à mata, durante certa de meia hora para chegar ao Forte Duque de Caxias. A construção está lá em cima desde 1722, quando tinha a função de defender a costa de invasores franceses e holandeses. Está aberto à visitação de terça a domingo, das 9h30 às 16h30. Ingressos: R$ 4. Em dia de chuva, as visitas são suspensas.

          2. Bar do David no Morro do Chapéu Mangueira – Ladeira Ary Barroso, 66

Mate sua fome e refresque sua sede do pós-trilha no Bar do David, dentro da Comunidade do Chapéu Mangueira. Esse chef talentoso oferece comida de qualidade e cerveja de garrafa super gelada a preços para lá de agradáveis. Recomendo fortemente a feijoada de frutos do mar e os camarões empanados.

          3. Parque Eduardo Guinle – Acesso pela Rua Gago Coutinho (Laranjeiras)

Construído como jardim particular na década de 1920, projetado pelo paisagista francês Gérard Cochet, com algumas intervenções posteriores de Burle Marx. No entorno, um conjunto de prédios concebidos por Lucio Costa , erguidos em 1954, com uma arquitetura moderna e repleta de brasilidade. Metrô:  Largo do Machado.

          4. Padaria Bassil no Saara – Rua Senhor dos Passos, 235

Fundada em 1913, numa área cujos comerciantes eram árabes e judeus, e ainda faz seus pães e esfihas num forno a lenha permanentemente aceso.  Metrô: Presidente Vargas

          5. Feirinha da Praça XV

Hoje em dia a feira que acontece todo sábado une três comércios sutilmente distintos: antiguidades, em frente ao Paço Imperial, quinquilharias coletadas por recicladores no extremo oposto e o encontro desses dois universos no meio da feira, onde se encontra de bric-a-brac a objetos valiosos.

          6. Aterro do Flamengo

Idealizado por Lota de Macedo Soares e construído na década de 60, este imenso parque urbano tem desenho e paisagismo de Burle Marx, abrigando o Museu de Arte Moderna, o Monumento dos Pracinhas, a Marina da Glória e outros equipamentos de lazer e esporte.

          7. Praia Vermelha

Localizada atrás do Pão de Açúcar, esta pequena praia, cedo pela manhã, nos dá a sensação de sermos Pedro Alvares Cabral a descobrir o Brasil. Suas águas normalmente são limpas, por ser a primeira praia de mar aberto do Rio de Janeiro. Não deixe de observar o belo exemplar de arquitetura art deco que é a Escola do Exército.

  • Circuito Intervenções Urbanas no Centro – Marco Antonio Teobaldo

O tema escolhido pelo curador tem sido estudado e pesquisado desde o início de sua carreira. “A arte urbana tem essa característica de aproximar as pessoas e de coloca-las em contato com a arte de uma maneira inusitada”, explica Marco. Ele ressalta como é interessante a reação dos passantes ao ver a obra sendo feita, quando há uma oportunidade única de um contato direto com o artista. “São pessoas que não costumam visitar museus ou galerias de arte e se surpreendem e demonstram interesse em entender o que está acontecendo ali.

Intervenções-Urbanas-no-Centro
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          1. Ozi e Orticanoodles na Cinelândia

Um respiradouro do metrô serviu de suporte para uma homenagem ao Rio de Janeiro, com a obra Menino do Rio, do artista visual Ozi. E um imenso retrato de Gilberto Gil foi estampado sobre o concreto, no lado oposto do outro mural, assinado pela dupla italiana Orticanoodles. As duas obras foram realizadas com a técnica de estêncil, com máscaras de grandes dimensões recortadas manualmente, em Maio de 2012.

          2. Grupo Acidum na Rua do Rosário

A convite da galeria Progetti, o grupo de Fortaleza, criou a enigmática obra Teseu, utilizando pincéis e rolos com tinta acrílica, em agosto de 2012 e o painel foi inaugurado durante a segunda edição da ArtRio. A ideia inicial era de que a obra ficasse dentro do galpão da feira, mas Marco sugeriu que fosse do lado de fora para maximizar o impacto do trabalho.

          3. Daniela Dacorso na Rua Luis de Camões

Os muros com inscrições publicitárias borradas encontrados na paisagem dos subúrbios, fizeram a fotógrafa Daniela Dacorso se reportar à Grécia do século V a.C., onde surgiram os pergaminhos apagados, que eram reutilizados devido à escassez do produto naquela época. Eram chamados de palimpsestos, nome da série dos muros que são apresentados em formato de lambe-lambe, nos arredores do Centro de Artes Helio Oiticica, desde agosto de 2013.

          4. Fuso Coletivo na Gamboa

O Fuso Coletivo (Artur Kjá e Luciano Cian) realizou em Julho de 2013, a intervenção urbana em pôster arte “O gigante acordou”, no centro e Zona Sul do Rio de Janeiro. A frase aparece junto com uma imagem em estilo pop, do personagem Soneca, um dos anões da fábula da Branca de Neve. O coletivo provoca o observador no que se refere à força popular deste movimento, para que não se torne alvo de manobra política e ser apropriada indevidamente pelo governo, travestida de reforma política.

          5. Eduardo Denne no Instituto de Memória e Pesquisa Pretos Novos – R. Pedro Ernesto, 36 – Gamboa

Localizado sobre um importante sítio arqueológico onde foi encontrado o antigo Cemitério dos Pretos Novos (nome dados aos escravos recém-chegados ao Brasil), o IPN realiza o projeto Intervenções, no qual convida artistas a criarem obras sobre uma parede do seu pátio interno. O artista visual e designer, Eduardo Denne é o terceiro convidado e criou um retrato de escravo em três cores (preto, branco e azul), em tinta acrílica e grafite, em Janeiro de 2013.

  • Circuito Rio a Pé – Simon Watson
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O curador, crítico e consultor de arte ama andar pela cidade. Nesse roteiro, um passeio que vai das pedras portuguesas que inspiraram Roberto Burle Max a criar os calçadões de Copacabana e Ipanema ao Aterro, passando pelo MAM.

          1. Aterro e vista do Pão de Açúcar

Do metrô da Cinelândia é uma caminhada curta até a ponte de pedestres que dá no Museu de Arte Moderna. Visite as exposições e depois curta a vista da baía e do Pão de Açúcar no Aterro, que é um projeto de Burle Marx.

          2. Lapa (de dia)

Ainda da estação da Cinelândia, na direção oposta ao MAM, visite a Escadaria de Selaron e cruze os arcos da Lapa. Depois, vá pela Rua do Lavradio, onde é divertido ver os antiquarios. Seguindo até o fim da rua, chegamos na Praça Tiradentes. Vale olhar a escultura clássica triunfal no meio da praça. De lá, vá até a galeria A Gentil Carioca e o Largo das Artes e veja as exposições. Perto também fica o Real Gabinete Português que é algo a ser admirado também.

          3. Lapa (à noite)

São diversos bares onde se pode escutar um ótimo samba. O Carioca da Gema é o mais famoso deles. Mas você também pode entrar em alguns dos diversos bares, beber um chope e assistir a um show ao vivo. Se ficar com fome, vá ao restaurante português, Nova Capela, atravessando a rua.

          4. Centro Cultural Banco do Brasil

Nenhuma ida ao Centro é completa sem uma visita ao CCBB, que é realmente um dos melhores locais de exposição do Brasil, sempre com mostras diferentes e especiais.

          5. Bar do Mineiro – Rua Paschoal Carlos Magno, 99 (Santa Teresa)

Quer comer uma feijoada soberba ou simplesmente tomar um chope? Vale a pena fazer a caminhada nas sinuosas ladeiras do bairro de Santa Teresa para uma visita ao Bar do Mineiro.

          6. Posto 7 (Arpoador)

Arpoador tem a melhor água para nadar e é um local de encontro para surfistas. Experimente também as comidas dos ambulantes, principalmente o queijo coalho, cozido na hora. E se você passar o dia na praia você verá um deleite de pôr do sol, mergulhando atrás do Morro Dois Irmãos.

          7. Lagoa Rodrigo de Freitas

Alugue uma bicicleta em Ipanema e pedale pela Lagoa, admirando o Corcovado (a maior escultura de Art Deco do mundo) e sentindo as montanhas e a natureza fluindo e se mesclando com a cidade.

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