Cinco programas imperdíveis para o fim de semana
Confira a seleção especial de VEJA RIO para deixar seu fim de semana ainda mais animado
Clássico do russo Anton Tchekov (1860-1904), o drama sugere uma reflexão sobre o tempo através das divagações de Olga, Macha e Irina, as irmãs do título. Nascidas e criadas em Moscou, elas moram em uma província com o irmão, Andrei, mas sonham com o futuro glorioso (e hipotético) que as aguarda quando, um dia, voltarem à capital. Dirigida pela jovem Morena Cattoni, a montagem ocupa o jardim do Casarão Austregésilo de Athayde, no Cosme Velho – opção que sublinha de maneira eloquente a questão da passagem do tempo. Com a sessão iniciada às 16 horas, o público acompanha o crepúsculo real conforme as esperanças mais solares das três irmãs (vividas aqui por Paula Sandroni, Gisela de Castro e Julia Deccache) também vão se dissipando. Produzida na raça, sem patrocínio, a encenação compreensivelmente se escora em poucos objetos para evocar a casa onde se passa a história, mas tem na ambientação um trunfo. A direção consegue a proeza de aproveitar ao máximo (mas sem marcações gratuitas) todas as possibilidades oferecidas pelo jardim, ocupado por vezes em espaços simultâneos. O elenco é heterogêneo, com a ala masculina menos evidenciada, mas encontra seu mais firme ponto de apoio justamente no trio principal – destaque para Gisela, comovente na dor silenciosa de Macha (95min). 10 anos. Estreou em 14/6/2014.
Casarão Austregésilo de Athayde (30 lugares). Rua Cosme Velho, 599, Cosme Velho. Informações e reservas, ☎ 99166-6718 e 99974-8272. Sexta a domingo, 16h. Não haverá sessão em dias de jogo do Brasil na Copa do Mundo. Grátis. Até 20 de julho.
Uma das maiores e mais ambiciosas produções dos irmãos Fabiano e Caio Gullane (de O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias), esta aventura leva a direção do documentarista francês Thierry Ragobert (O Planeta Branco). Com enredo simples, é uma trama infantil, mas que adultos vão curtir bastante. Narra-se aqui a trajetória de Castanha, um macaco-prego criado em cativeiro. O animal é vendido para um circo e, no caminho, o avião cai no meio da Floresta Amazônica. A partir daí, Castanha encara as adversidades da mata, enfrenta o ataque de predadores, procura alternativas para se alimentar e se encanta com a macaquinha Gaia. Quem viu A Marcha dos Pinguins (2005) vai notar semelhanças. O “protagonista” ganha voz em off (de Lúcio Mauro Filho) e passa por situações perigosas em meio à deslumbrante natureza. Foram três anos de produção e dificuldades transpostas para chegar a um resultado formidável – o longa é um mix de registro real com uma convincente história ficcional. A coprodução francesa ainda rendeu um acabamento de primeira linha. Da requintada fotografia à impecável edição de som, o filme ganhou uma versão em 3D de encher os olhos e balançar o coração. Direção: Thierry Ragobert Amazonia, França/Brasil, 2013, 83min). Livre. Estreou em 26/6/2014.
Artista quase sempre autodidata, a paulista Djanira da Motta e Silva (1914-1979) chegou a ter aulas com o pintor Emeric Marcier e frequentou por algum tempo o Liceu de Artes e Ofícios no Rio, mas não foi além disso. À margem da academia, inscreveu seu nome na história da arte brasileira, ancorada em uma obra muito particular – marcada por enorme riqueza cromática, temas nacionais e uma então inusitada mescla de figuração e geometrismos. No ano em que ela completaria um século de vida, sua trajetória é celebrada na individual Pintora Descalça. A Caixa Cultural abriga 37 obras, a maioria pinturas a óleo, acrílicas e guaches, sobre variados suportes. Tema caro a Djanira, o universo dos trabalhadores surge em boa parte da seleção, como em Mineiros de Carvão (1974) e Trabalhadores da Cana (1966), uma eloquente mostra do seu talento. Santos, paisagens, retratos e evocações da brasilidade (em imagens de festas juninas, por exemplo) completam o acervo.
Caixa Cultural – Galeria 1. Avenida Almirante Barroso, 25, Centro, ☎ 3980-3815, Carioca. Terça a domingo, 10h às 21h. O espaço estará fechado em dias de jogo do Brasil na Copa do Mundo. Grátis. Até 20 de julho.
Ele nasceu na Inglaterra, terra dos pubs com encorpados chopes nas torneiras. Ela é do Brasil, onde reina a caipirinha. O casal Dominic e Selene Parry optou por uma terceira via etílica, o vinho, quando inaugurou seu negócio próprio em Botafogo. O salão, em funcionamento desde abril, é pequeno e a adega torna-se parte da decoração. Na calçada, mesas se espalham, em bem-vinda informalidade que contrasta com o comportamento mais usual dos amantes de vinho. A carta exibe 52 rótulos, entre espumantes, brancos, rosés, tintos e bebidas de sobremesa, com valores que vão de R$ 45,00 a R$ 145,00 – a exceção é o champanhe Deutz Brut Classic (R$ 295,00). As opções em taça são descritas no charmoso quadro-negro. Pedida acertada, o nacional Casa Venturini Tannat Reserva 2012 se mostrou equilibrado (R$ 60,00). No enxuto cardápio de tira-gostos, tudo é preparado com esmero. A tábua de frios e queijos trouxe os embutidos, cortados finos, queijos frescos e um chutney de tomate incrível (R$ 55,00). Há seis opções de bruschetta, servidas em dupla por R$ 12,00. A mais leve, de cottage e abobrinha temperada, é tremendamente saborosa.
Rua Paulo Barreto, 25, loja E, Botafogo, ☎ 3264-4101 (35 lugares). 17h/0h (sex. e sáb. até 1h; fecha seg.). Cc: todos. Cd: todos. https://www.winehouserio.com.br. Aberto em 2014.
Exemplar antigo na coleção de clássicos de Maria Clara Machado (1921-2001) – a lista inclui, entre outros, O Rapto das Cebolinhas, Pluft, o Fantasminha e O Cavalinho Azul -, a peça foi escrita em 1955 e estreou três anos depois, no Tablado. De volta ao mesmo palco pela terceira vez, ganhou produção com toques atuais, mas preserva a saborosa combinação de ingenuidade e inteligência que é a marca registrada da autora. No cenário assinado por Lídia Kosovski há caldeirões fumegantes, além dos divertidos bambolês iluminados por lâmpadas de LED, usados na criação da floresta onde a história se desenvolve. Na trama dirigida por Cacá Mourthé, a bruxinha Ângela (Diana Herzog) é aprisionada em uma torre depois de apresentar mau desempenho na Escola de Maldades. Além das cobranças do Vice Bruxo (Ricardo Monteiro), ela enfrenta a chacota das hilárias colegas Fedorosa (Manuela Llerena), Fedelha (Lilia Wodraschka), Fredegunda (Carol Repetto) e Caolha (Joana Castro). O ótimo trabalho do jovem elenco ganha inspirado apoio ao vivo de uma banda, encarregada da trilha sonora original e dos animados efeitos sonoros (55min). Rec. a partir de 3 anos. Reestreou em 22/3/2014.
O Tablado (147 lugares). Avenida Lineu de Paula Machado, 795, Lagoa, ☎ 2294-7847. Sábado e domingo, 17h. R$ 50,00. Bilheteria: a partir das 15h (sáb. e dom.). Até 31 de agosto.