A arte do acaso
A vida, a morte e a passagem do tempo inspiram quatro instalações do francês Christian Boltanski
Um dos eventos de arte mais importantes do mundo, a Bienal de Veneza recebeu, em sua 54ª edição, no ano passado, uma monumental instalação do francês Christian Boltanski, 67 anos. Concebida como o maquinário de uma gráfica, a obra exibe uma sequência de fotografias de recém-nascidos que deslizam em alta velocidade por roldanas, sobre a cabeça dos espectadores – como no processo de impressão de um jornal. A certa altura, uma sirene é acionada, a máquina para e uma das fotos aparece em um telão. Na Casa França-Brasil a partir de sexta (18), essa curiosa linha de montagem de recém-nascidos, batizada de A Roda da Fortuna, é a principal atração de Chance, a primeira exposição de Boltanski no país.
Autodidata, ele começou nas artes pela pintura, ainda adolescente. A atenção pública e a carreira propriamente dita vieram na década de 60, quando o artista passou a experimentar técnicas distintas, como filmes de arte e fotografia – antes de adotar a instalação, a partir dos anos 80. Tema recorrente em sua trajetória, o papel do acaso na existência humana perpassa as quatro criações reunidas na exposição. Em Ser de Novo, um telão dividido por faixas horizontais funciona como um caça-níqueis. Nele, partes de rostos de pessoas vão rodando e se combinando, acionadas por um botão. Nas salas laterais, Últimas Notícias dos Humanos informa aos visitantes, por meio de painéis digitais, o saldo de óbitos e nascimentos do dia. Por fim, Entre Tempo é uma projeção em preto e branco que mostra os efeitos da passagem das décadas na face do próprio Boltanski, da infância até os 60 anos.
Christian Boltanski. Casa França-Brasil. Rua Visconde de Itaboraí, 78, Centro, ☎ 2332-5120. → Terça a domingo, 10h às 20h. Grátis. Até 8 de julho. A partir de sexta (18). https://www.fcfb.rj.gov.br.