Educação e cidadania
Cariocas se mobilizam e, por meio de ONGs e Institutos, criam diversos projetos com um único objetivo: educar a população e engajá-la na busca por mudanças
Zona Sul, Zona Oeste, Baixada, Zona Norte. Aos poucos, as barreiras foram se formando e as pessoas, se distanciando. ?Somos todos cariocas, somos gente?, provoca a pedagoga, mestre em Educação brasileira, Rona Hanning. À frente do Instituto Ler é Abraçar (www.lereabracar.org), ela faz a sua parte para tentar diminuir as diferenças, usando a literatura infantil como principal instrumento.
Mas, como gerar engajamento, propor novas discussões e estimular mudanças de comportamento em comunidades em que nem mesmo os adultos dominam a cultura letrada? ?O que vemos ao conviver com os moradores desses locais não pacificados é um Muro de Berlim. Por não saberem ler ou terem pouco domínio da leitura, eles acabam excluídos do resto do mundo e só têm acesso à cultura local. Como pessoas isoladas podem se envolver em uma causa??, questiona.
Buscando reverter essa situação, o Instituto, em parceria com o Banco da Providência, iniciou um projeto com 50 líderes de algumas comunidades cariocas, como Cidade de Deus, Senador Camará, Manguinhos e Tanque. Entre março e dezembro deste ano, elas estão recebendo uma formação cultural. ?Nosso objetivo é dar condições para que elas entrem no local onde vivem com algum suporte e passem a ser multiplicadoras deste conhecimento. Com isso queremos formar uma geração sem barreiras, mais integradora, articulada, que compartilha saberes, é produtora de conhecimento e está em rede?, explica Rona.
Usando histórias infantis, que abordam temas mais amplos, como a identidade, o medo e as diferenças, a equipe do projeto consegue atrair a atenção dos participantes e abrir discussões que buscam resgatar a cidadania e a inclusão social. Josemar Andrade já viveu nas ruas e é o único homem a fazer parte do grupo. Aos 47 anos, o coordenador do Movimento Mosaico (www.movimentomosaicodasruas.blogspot.com.br), que tem o objetivo de encorajar e dar autonomia a quem vive ou já viveu em situação de fragilidade social a lutarem por seus direitos, já virou replicador. Durante encontros, que chama de ?Papo de Rua?, ele tenta ajudar as pessoas a interromper o que chama de ciclo negativo. ?As histórias infantis são um incentivo para se identificar como cidadãos e passar a agir como tal. A arte tem o poder de modificar as pessoas, permitindo que elas se redescubram?, afirma.
Escolha um projeto e participe!
Rona Hanning dá uma sugestão. ?Comece pequeno. Escolha as crianças. Elas são agentes de transformação?, diz. Confira algumas iniciativas de cariocas que resolveram assumir seu papel para contribuir com a educação e gerar as mudanças que o Rio precisa. Faça também a sua parte:
? Som + Eu
https://www.sommaiseu.org.br/quem-somos
Ensina música para alunos da rede pública. Crianças e adolescentes aprendem a tocar instrumentos de cordas e sopro, além do canto coral.
? Hora da Leitura
https://institutodacrianca.ning.com/programas
O programa acontece em escolas públicas e busca aproximar os jovens dos livros e despertar o prazer em ler. Uma média de 1 mil crianças e jovens são atendidos por ano.
? Cinema nosso
https://www.facebook.com/CinemaNosso
Situado na Lapa, o projeto oferece cursos associadas ao cinema e animação e atende prioritariamente aos adolescentes da rede pública de ensino.