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A volta de um clássico

Resgatado do ostracismo a que havia sido relegado nas últimas duas décadas, o gim retorna aos drinques com seu sabor forte e marcante

Por Rafael Teixeira
Atualizado em 5 jun 2017, 14h43 - Publicado em 21 dez 2011, 16h00

Para quem tem menos de 30 anos pode parecer estranho, mas houve um tempo em que o gim esteve na crista da onda etílica. Considerado um destilado difícil, daqueles que não agradam a qualquer paladar, era, apesar disso, presença obrigatória nos principais bares cariocas até os anos 80. Muito do seu charme vinha do fato de ter entre seus admiradores os venerados Winston Churchill, Frank Sinatra, Ernst Hemingway e o personagem James Bond, criação do escritor inglês Ian Fleming. Geralmente servido em drinques que se tornaram clássicos, como tom collins e dry martini, com o passar dos anos, porém, foi sumindo das coqueteleiras, dando lugar a correlatos como vodca, cachaça e, nos últimos tempos, a espumantes e saquês. Agora, bebedores nostálgicos e jovens que buscam novidades já podem erguer os copos e celebrar. Pelas mãos de bartenders antenados, o gim está de volta com força total, emprestando seu sabor peculiar a criações inovadoras, que podem levar ingredientes tão inesperados quanto rúcula e ruibarbo. Meza Bar, Q, Stuzzi e Prima Bruschetteria são algumas das casas que vêm apostando na retomada. “Ele é complexo e desafiador, tanto para quem faz a mistura quanto para quem a bebe”, diz Fabio Battistella, chef do doiZ, que recentemente incluiu a bebida em sua carta.

Tamanha complexidade se deve à sua fórmula. Na composição original destaca-se o zimbro, especiaria de paladar inconfundível – picante, mas ao mesmo tempo levemente adocicado. Além disso, muitas destilarias incluem essências na receita, como laranja, amêndoa, coentro, canela e lírio. O resultado é uma bebida que não aceita qualquer mistura. “O gim é muito perfumado e adstringente. A vodca, por exemplo, incorpora mais o gosto daquilo que se põe no drinque”, explica Lara Jennings, bartender do Q. Para atingir o equilíbrio perfeito, especialistas recomendam combinações que privilegiem sabores refrescantes e cítricos. Não à toa, limão-siciliano e soda limonada (além de uva, maçã verde e rúcula) fazem parte do rocket collins, criado recentemente por Lara. No doiZ, quatro dos cinco novos coquetéis com gim incluem limão na receita – entre eles, invenções saídas da cabeça de Battistella como o geisha só da pop, que também leva cherry brandy, cranberry, limão e club soda. A tendência tem sido reforçada ainda pela chegada ao mercado brasileiro de rótulos aromatizados. No Stuzzi, o bartender Vitor Barros usa um com infusão de açafrão para fazer o zafferano martini, com tomate-cereja, tabasco e bitter de laranja. “É algo que chama atenção”, diz.

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Depois de anos de devoção à aguardente russa, o produtor de moda Zé Camarano é um dos recém-convertidos. “Sempre achei muito forte, até que viajei para Londres neste ano e reparei que todo mundo estava bebendo. Quando voltei, comecei a provar as combinações certas e agora estou apaixonado”, conta ele, que tem entre os seus preferidos o bom e velho dry martini, imortalizado pelo espião James Bond. Em Cassino Royale, o agente 007 pede a um barman que prepare sua própria versão do coquetel, alterando os ingredientes da mistura (veja o quadro acima). Mas é preciso ir com cuidado. Gim não é vinho nem cerveja, e sim uma bebida forte. Comparado ao da vodca, outro destilado de cereais que está entre os mais utilizados em drinques, seu teor alcoólico médio é superior: 43% contra 40%. Até o poeta Vinícius de Moraes, que bebia pesado, sabia disso. Ou, como dizia uma de suas músicas, Mais um Adeus: “Não pegue sereno / Não tome gelado / O gim é um veneno / Cuidado, benzinho, / Não beba demais / Se guarde para mim”.

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A receita de Vesper

O trecho do livro Cassino Royale, de Ian Fleming, em que 007 ensina o barman a fazer a sua versão do dry martini. “Junte três medidas de Gordon’s (marca inglesa de gim), uma de vodca, meia de Kina Lillet (um aperitivo à base de vinho feito em Bordeaux). Agite bem até que esteja quase congelando e então ponha uma longa tira de casca de limão. Entendeu?”

Para ser fiel à versão de Bond, sirva numa taça de champanhe grande, de boca larga.

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