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Boas de copo

Seja em confrarias ou como mestres na elaboração de cerveja, o público feminino começa a se apropriar de um território dominado pelos homens

Por Daniela Pessoa
Atualizado em 5 jun 2017, 13h58 - Publicado em 19 jun 2013, 18h24

São 10 da noite de uma segunda-feira e quatro mulheres lindas batem um papo animado que vai do dia no escritório à cor do esmalte da moda. Seria mais uma reunião de amigas bem ao estilo das protagonistas da série Sex and the City, com direito a taças de cosmopolitan ou, no mínimo, caipirinhas coloridas, não fossem as garrafas e as tulipas sobre a mesa. Além de pôr a conversa em dia, elas estão no BeerJack, em Botafogo, para experimentar novos rótulos de cervejas artesanais. O grupo ganhou até apelido, Lupulinhas, uma espécie de Clube da Luluzinha formado por amantes do lúpulo. “Não existe programa mais relaxante do que tomar uma cervejinha depois do expediente. Além de ser mais informal do que abrir uma garrafa de vinho, existem rótulos de estilos e sabores para todos os gostos”, afirma uma das integrantes da turma, a farmacêutica Paula Bortolon.

Foto: Fernando Lemos
Foto: Fernando Lemos ()

No Brasil, vive-se uma transição do mercado consumidor de cerveja. Antes relegadas ao papel de gostosas de biquíni cobiçadas nos comerciais de TV pelos espertalhões com latinhas em punho, as mulheres formam hoje um contingente importante. Em 2011, as brasileiras de até 35 anos consumiram 2,3 bilhões de litros da bebida, enquanto os homens dessa mesma faixa etária beberam 3,5 bilhões. A diferença está nas preferências à mesa. Enquanto a maioria dos homens investe na quantidade e em marcas tradicionais, as mulheres apostam na qualidade, optando por rótulos nobres, de preferência bonitos (sim, a embalagem conta) e servidos em copos elegantes. “Além de estarem sempre de olho nas novidades, elas são fãs de sofisticação”, afirma Stella Brant, gerente de imagem da Ambev. Quanto ao estilo, as mais leves, adocicadas ou frutadas, e refrescantes, feitas com trigo, estão no topo da preferência feminina.

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O que pouca gente imagina é que os primeiros mestres-cervejeiros dos quais se tem registro eram, na verdade, mulheres. Na Babilônia e na Suméria, por volta de 4000 a.C., elas gozavam de tamanho prestígio que eram consideradas quase divindades. Já na Idade Média, a bebida fazia parte da rotina do lar. Até o século XVI, na Alemanha, os utensílios para a sua produção estavam incluídos no enxoval das noivas. Como não ganhou os apetrechos na época de seu casamento, Eduarda Dardeau, da confraria FemAle, investiu 2?000 reais no equipamento, que consiste em três panelões de inox, além de termômetro, serpentina e geladeira com termostato. “Se cozinhar é coisa de mulher, fazer cerveja também é. Você vai brincando com os ingredientes, com as proporções do malte, do fermento e do lúpulo até acertar a mão”, diz a consultora empresarial.

Quando a paixão pela bebida vai além da degustação e da produção, as mulheres também fazem carreira com a cerveja. Elas ainda são minoria, mas já é possível encontrar biersommelières assinando a carta de loiras e geladas de alguns dos melhores bares e restaurantes do Rio. É o caso de Andrea Calmon, formada pelo Senac em um curso com a chancela da escola Doemens Akademie, na Alemanha, e responsável pela seleção de rótulos servidos no El Born, em Copacabana, e no Térèze, em Santa Teresa. Em outra frente de trabalho, a industrial, está a técnica de controle de qualidade Vanessa Vieira. Com o diploma do Senai de Vassouras, conhecido por abrigar, desde 1992, o primeiro curso de técnico cervejeiro do Brasil, ela faz parte da equipe com 46 homens e apenas cinco representantes do sexo feminino responsável pelas análises laboratoriais do Grupo Petrópolis. “Quando cheguei, eles me olhavam torto, desconfiados. Diziam que mulher não sabia nada do assunto. Com o tempo, uma dose extra de dedicação e a simpatia que só nós temos, provei que também entendia do negócio”, conta Vanessa. Alguém duvida?

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