Quatro perguntas para Claudio Botelho
Há três anos sem se apresentar como cantor, o diretor de musicais volta ao circuito para curta temporada que marca o encerramento das atividades do Bar do Copa
Você se sente mais à vontade representando, dirigindo ou cantando? Gosto mais do que farei no Bar do Copa, um espetáculo motivado por puro prazer. Meu trabalho como diretor, ao lado do Möeller, é significativo e não me dá tempo para essas coisas. Mas é um projeto pessoal, meu, voltar ao palco, agora que demos uma parada nos musicais. O próximo está previsto só para o ano que vem.
Pode-se definir essa vertente do seu trabalho como algo ligado à tradição do cabaret singer? Se você diz cabaré no Brasil, as pessoas logo pensam em alguém no palco vestindo cinta-liga. Mas em Nova York e Paris esse é mesmo o conceito. Palco pequeno, o público tomando um drinque e escutando standards. Fiz isso muito tempo ao lado da Cláudia Netto em locais que não existem mais, como o Rio Jazz Club, o Jazzmania, mas, para minha tristeza, esse tipo de lugar desapareceu do Rio.
A que se deve creditar essa mudança no perfil da boemia carioca? Acho que os próprios artistas migraram para os grandes espetáculos e as casas foram sendo fechadas. Nossos músicos não têm mais essa tradição de se apresentar em lugares intimistas, que foi impulsionada pelo Beco das Garrafas e depois veio a ser resgatada na minha geração.
Essa sua impressão influenciou na escolha do Bar do Copa? Também. Mas, além disso, fui eu que fiz o último show do Golden Room, em 1991, quando estava começando. Desde então sou muito amigo do pessoal do hotel, além de frequentador. Quando soube que a casa ia fechar, fiz essa proposta para eles. Serão cinco semanas de temporada com Cole Porter e Meus Musicais de Estimação.