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Como no tempo dos barões

Festival com banquetes de época e atrações culturais no Vale do Café relembra a nobreza do século XIX

Por Carlos Henrique Braz
Atualizado em 5 jun 2017, 14h56 - Publicado em 13 jul 2011, 20h02

Viajar no tempo é algo que atiça a imaginação. No cinema ou na literatura, esse sonho impossível costuma render histórias fascinantes, como é o caso de algumas ficções científicas e do filme Meia-Noite em Paris, no qual o protagonista retrocede à efervescente capital francesa dos anos 20 e convive com Picasso, Ernest He­mingway, T.S. Eliot e Cole Porter. Movida pelo mesmo impulso de reviver o passado, a pesquisadora de gastronomia Ana Roldão, portuguesa radicada no Rio há dezessete anos, promove dois jantares, nos dias 23 e 30, em um hotel-fazenda de Vassouras, no interior do estado. As refeições, para 150 comensais por noite, prometem relembrar a era de ouro da aristocracia rural fluminense, como parte do Festival Vale do Café, uma maratona cultural que se desdobra por catorze fazendas históricas da região na última semana do mês.

O menu montado por Ana Roldão reúne receitas resgatadas das cozinhas da nobreza brasileira do século XIX, devidamente adaptadas aos nossos dias. Para produzir as iguarias, a ser servidas no salão do hotel Vassouras Eco Resort, ela lança mão de produtos regionais, mas preparados à moda parisiense. O destaque é para o coelho real, assado em vinho tinto e especiarias, coberto por massa folhada. ?Naquela época, a carne de vaca não era considerada um ingrediente nobre?, conta Ana. ?Nas grandes comemorações, era comum preparar pratos que lembravam as carnes de caça europeias, como lebres, patos e perdizes. Também se servia cordeiro.?

Museu casa da hera/ibram (quadro)
Museu casa da hera/ibram (quadro) ()

Batizados de ?Banquetes Eufrásia Teixeira Leite?, os encontros gastronômicos homenagearão a grande dama da sociedade brasileira, famosa por seu romance com o abolicionista Joaquim Nabuco. Por ser neta dos barões de Itambé e de Campo Belo, ela viveu com toda a pompa o período áureo da região. Uma mulher à frente de seu tempo, Eufrásia (1850-1930) perdeu os pais aos 22 anos de idade e decidiu trocar o Brasil por Paris, em 1873. Na viagem de navio, conheceu Joaquim Nabuco (1849-1910), com quem manteve uma conturbada relação, registrada em uma série de cartas. Na capital francesa, frequentava com o mesmo empenho as grandes festas e o pregão da bolsa de valores ? fanática pelo mercado de capitais, multiplicou sua fortuna ao investir em ações. Eufrásia só voltou ao Brasil na década de 20, quando se refugiou na Chácara da Hera, uma bela fazenda hoje transformada em museu, em Vassouras. Quando morreu, o Vale do Café estava em franca decadência. Com suas casas-grandes cuidadosamente restauradas, agora é um concorrido polo turístico que deixaria orgulhosa sua notável filha pródiga.

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