Dançar para não dançar
Um artista dividido entre a China de Mao Tsé-tung e as tentações dos Estados Unidos
AVALIAÇÃO ✪✪✪
Ainda em cartaz na cidade, A Árvore do Amor traz uma boa recriação da China dos anos 60, sob a era Mao Tsé-tung. Inspirado na autobiografia do bailarino Li Cunxin, O Último Dançarino de Mao também revive aqueles anos de chumbo, só que em décadas diferentes. A história tem início em Houston, no Texas, em 1980. Diretor da companhia de balé da cidade, Ben Stevenson (Bruce Greenwood) recebe e hospeda em sua casa o jovem Li Cunxin (na fase adulta intepretado por Chi Cao). Ele é um moço tímido, que pouco fala inglês e veio de Pequim para estagiar por três meses nos Estados Unidos. O consulado chinês o alerta para os ?perigos? do capitalismo americano e o obriga a recusar presentes de qualquer valor. Retrocedendo no tempo, a trama volta a 1972 para mostrar a infância, adolescência e ascensão de Li e como ele chegou até lá vivendo sob um regime político tão fechado.
Nascido numa aldeia chinesa, o pequeno e fracote Li (Wen Bin Huang) foi tirado de sua família por agentes do governo de Mao para ser treinado numa escola da capital. Cresceu sob os preceitos comunistas e sempre baixou a cabeça para os alegados desígnios de seu povo. Sua chegada ao Texas vai modificando, aos poucos, seus hábitos, sobretudo quando começa a fazer sucesso na dança e dorme, pela primeira vez na vida, com uma colega. A partir daí, o rapaz vai mexer os hashis por sua permanência. Diretor australiano de Conduzindo Miss Daisy (1990), Bruce Beresford segue uma cartilha prática para enfocar o governo de Mao, sem demonizá-lo, e evitar exaltar o capitalismo. Sensato, o realizador se concentra, sobretudo, nos dilemas de seu protagonista, interpretado por um fraco ator, mas ótimo dançarino.
O Último Dançarino de Mao, de Bruce Beresford (Mao?s Last Dancer, Austrália, 2009, 117min). 14 anos. Estreou em 9/12/2011. Estação Sesc Barra Point 1, Estação Sesc Ipanema 2, Estação Sesc Rio 2.