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Artistas plásticos brasileiros expõem suas obras na Suíça

Às vésperas dos Jogos de 2016, exposição no Museu Olímpico, na cidade de Lausanne, serve como vitrine internacional para a cultura nacional

Por Jefferson Lessa
Atualizado em 5 dez 2016, 11h24 - Publicado em 25 mar 2016, 01h00

No vernissage, a presença de passistas, mestre-sala e porta-bandeira, além de baianas e roda de capoeira, poderia sugerir um daqueles eventos turísticos para inglês — ou suíço, no caso — ver. A razão de ser dessa animada festa de abertura, no entanto, é louvável: a exposição Cap sur Rio, inaugurada em 10 de fevereiro, no coração da Europa, vai além do óbvio para revelar variadas facetas culturais da cidade-sede dos Jogos de 2016. A pacata Lausanne, capital do Cantão de Vaud, região francófona da Suíça, tem cerca de 130 000 habitantes e abriga a sede do Comitê Olímpico Internacional. Inaugurado na cidade em 1993, e reaberto há três anos, após quase dois anos de reformas, o Museu Olímpico tornou-se, desde a abertura da mostra, uma bem-vinda vitrine internacional do melhor do Brasil. O acervo em exibição divide-se em duas partes. Uma delas, intitulada Les Jeux (Os Jogos), trata da competição propriamente dita, ao reunir imagens das instalações em construção no Rio, as mascotes oficiais e medalhas, entre outros itens. Rythmes et Diversité (Ritmos e Diversidade), a segunda ala, é um rico desfile de obras de arte. Até o fim da temporada, a produção local calcula que Cap sur Rio venha a receber cerca de 300 000 visitantes.  

Ex-secretário de Esporte e Cultura do Estado do Rio e um dos criadores do Museu do Futebol, em São Paulo, Leonel Kaz é o curador da mostra suíça. Sua intenção, desde o início, foi evitar aqueles clichês que borram a imagem do país lá fora. “Busquei oferecer ao público europeu informações para que ele deixe de lado certo olhar etnocêntrico, segundo o qual somos frequentemente tachados de exóticos”, explica. As armas de Kaz para atingir seu objetivo são criações de artistas brasileiros renomados, a exemplo de Adriana Varejão, Felipe Barbosa, Heleno Bernardi, Marcos Cardoso, Maria Nepomuceno e Zemog. Não menos ilustre é a lista dos fotógrafos presentes nas paredes da galeria em Lausanne. Estão nela os fotojornalistas Custódio Coimbra e Ivo Gonzalez, Rogério Reis, autor de retratos incluídos em coleções importantes,  como a parisiense Maison Européenne de la Photografie, Claus Meyer e Claudio Edinger. Vídeos de Belisário Franca buscam traduzir para o visitante a influência de relações diversas (entre morro e asfalto, homem e natureza, o cidadão e a praia) na alma carioca. Completam o programa outros quatro filmes cedidos pelo Museu do Futebol e uma instalação multimídia realizada a partir da série Música no Brasil, da Editora Abril, que publica VEJA RIO.

“Qualquer exposição abre a oportunidade para a gente se desapegar de preconceitos e deixar fluir descobertas”, observa Kaz. “O Rio pode oferecer ao olhar internacional, apesar das nossas profundas diferenças sociais e da violência urbana, a crença na força do amálgama cultural”, aposta. Esse amálgama sugerido na curadoria ganha contornos literais na obra de um dos criadores presentes na Suíça. Primeiro artista residente convidado pelo Museu Olímpico, o niteroiense Felipe Barbosa vai espalhar pelo parque no entorno do museu formas animais infláveis, inspiradas pela fauna da Amazônia e da Floresta da Tijuca, compradas na Saara, reduto de comércio popular no centro do Rio. O processo de criação vai se dar com a participação dos visitantes, entre os dias 25 e 28. Na parte interna, Barbosa marca presença com seus inventivos mosaicos formados por gomos de bolas de futebol. 

Trabalhos de Maria Nepomuceno, construídos com coloridas cordas, e de Adriana Varejão, pertencentes à série Polvo, que explora a percepção múltipla do brasileiro em relação à cor de sua pele, foram cedidos pela londrina Galeria Victoria Miro. Zemog e Marcos Cardoso produziram obras especialmente para a exposição. Multimídia, a programação inclui exibição de filmes, apresentações musicais e até um espetáculo de marionetes — Bichos do Brasil, com a trupe paulistana Pia Fraus. Um cartão de visitas em Lausanne, a coletiva compõe um belo retrato do Rio e do Brasil. A partir da cerimônia de abertura da Olimpíada, em 5 de agosto, caberá a cada um de nós a tarefa de corresponder às expectativas geradas lá fora. Ao comparar a arte com a realidade local, a legião estrangeira aguardada, 10 500 atletas, 350 000 turistas e 25 000 jornalistas, vai tirar as próprias conclusões sobre a cidade maravilhosa. ■

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