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Livro resgata paisagens perdidas da Baía de Guanabara nos anos 30

A obra Águas Cariocas — A Guanabara Como Natureza é recheada com textos e desenhos de Armando Magalhães Corrêa (1889-1944)

Por Rafael Sento Sé
Atualizado em 8 jul 2017, 14h00 - Publicado em 8 jul 2017, 14h00

“As costas são rendilhadas por enseadas, praias, portos, sacos, mangues e inúmeras ilhotas, ilhas e blocos insulados a cercam, em disposição tal que embelezam e encantam essa terra carioca.” A descrição da Ilha do Governador no início da década de 30 do século passado, publicada no jornal Correio da Manhã, é de Armando Magalhães Corrêa (1889-1944). Autor de duas obras de referência sobre a cidade, O Sertão Carioca e Terra Carioca: Fontes e Chafarizes, o naturalista autodidata, escultor e desenhista planejava fechar uma trilogia, mas os textos ilustrados do último tomo ficaram restritos às páginas do jornal. Oito décadas depois, seus preciosos escritos e desenhos a bico de pena são reunidos no livro Águas Cariocas — A Guanabara Como Natureza (Outras Letras; 404 págs.; 45 reais).

A edição, organizada pelo advogado Antônio Carlos Pinto Vieira, mestre em memória social e um dos fundadores do Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré (Ceasm), transporta para os dias de hoje as vivas impressões colhidas na primeira metade do século XX. Filho de uma abastada família tijucana, artista plástico premiado com bolsa na Europa e, nos dias de Momo, carnavalesco dos Fenianos, esse carioca da gema, por diletantismo, decidiu seguir os passos de Dar­win. Como nas conhecidas viagens do naturalista inglês, Magalhães Corrêa esquadrinhou, ao longo de três anos, cada uma das 106 ilhas então localizadas na Baía de Guanabara — muitas já desaparecidas, coladas ao continente por aterros e assoreamento. Seu trabalho de campo revelou curiosidades, como um criadouro de porcos alimentados por algas e camarões (uma iguaria, segundo a gastronomia francesa) ou pioneiras práticas de nudismo.

Uma Baía de Guanabara cheia de vida, paraíso procurado por famílias endinheiradas, como os Guinle e os Mayrink Veiga, emerge das páginas. Mas o ovo da serpente já estava lá. “O autor antecipa preocupações com sustentabilidade, descrevendo as atividades das primeiras indústrias petrolíferas e da empresa de limpeza urbana, que despejava regularmente lixo doméstico na Ponta do Caju”, conta o organizador Antônio Carlos Pinto Vieira. A propósito: as ilhas do Cambembi, onde ficavam os porquinhos gourmets, e do Anel, reduto dos primeiros naturistas, não fazem mais parte da paisagem.

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