Clique na imagem para ampliá-la
Três pilares fundamentais alçaram o Carnaval carioca ao status de um dos espetáculos mais cobiçados do planeta: as escolas, os blocos e os bailes. Mas, nas últimas décadas, enquanto o show da Sapucaí evoluía, as demais peças desse tripé arrefeceram. Felizmente, ambas passaram por um intenso processo de renovação: nos anos 2000, a folia das ruas ressurgiu com toda a força e se alastrou pelas vias da cidade. Mais recentemente, foi a vez do retorno das glamourosas festas de salão. Há pelo menos quatro anos, o bem-sucedido resgate desses eventos se confirma, com a multiplicação dos bailes regados a marchinhas. Em 2014, um novo movimento reforça a tese de que eles voltaram para ficar: noitadas de sucesso, que integram o agitado calendário no decorrer do ano, ganharam versões carnavalescas. “São filhotes muito bem-vindos, porque mostram como é grande a demanda por uma experiência diferente durante essa época, com boa música, bebida gelada e algum conforto”, acredita Ricardo Amaral, idealizador dos Bailes do Rio. Fruto da parceria entre Luiz Calainho, Bernardo e Rick Amaral, neste ano o projeto chega à quarta edição com cinco animadas noites na Hípica.
Não é novidade que há algum tempo a cena noturna da cidade é dominada pelas festas temáticas. Elas tomaram o lugar antes ocupado por boates e clubes na preferência da juventude carioca e agora ganham terreno como uma opção de programa até a quarta-feira de cinzas. “Para quem não gosta de ver o desfile na Sapucaí e não quer se meter na confusão dos blocos, mas deseja ficar no Rio, é uma ótima alternativa e com um quê do clima daquelas reuniões que marcaram o nosso passado”, resume André Barros, dono da TAG Eventos, que promoverá pelo menos sete bailes durante os cinco dias de folia. A ideia de adaptar noitadas aprovadas pelo público a esse formato vem, de fato, da percepção dessa lacuna. Em geral, a proposta musical de cada festa é mantida. Umas apostam no rock, outras no pagode. E tem até funk na eclética seleção de ritmos que serão desfilados nas pistas do Morro da Urca, do Vivo Rio e do MAM (veja o quadro abaixo). O baticundum típico fica por conta das marchinhas, muitas vezes remixadas, que entram obrigatoriamente no set list dos DJs.
Considerado por historiadores o primeiro baile de Carnaval do Rio, o Bal Masqué data de 1846. Foi uma herança europeia, tradição entre os nobres franceses no século XVIII. Mas foi só nas primeiras décadas do século XX que eventos como o Baile do Copa e do Theatro Municipal ganharam notoriedade por aqui, com a presença frequente de astros de Hollywood como Ava Gardner e Rita Hayworth, e da nata da sociedade. Ao longo de décadas, essas celebrações reinaram na programação de clubes e hotéis, antes de cair na decadência nos anos 80. Embora não haja a menor pretensão de replicar o glamour dos festejos de antigamente ? a atmosfera descontraída é o principal combustível do agito ?, certo ar de exclusividade circunda esses novos eventos que aterrissam na programação momesca. O local do Baile do Zeh Pretim, por exemplo, só será revelado no dia do evento. Ainda assim, os ingressos que foram postos à venda na quinta (6) por até 350 reais se esgotaram em apenas 45 minutos. Pelo jeito, não há dúvida: quando o assunto é Carnaval no Rio, sempre haverá mais espaço para festejar por aqui.