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Sankai Juku

De gosto impecável e bastante atencioso aos detalhes, espetáculo de dança molda um delicado equilíbrio entre a originalidade e a cultura japonesa tradicional

Por Peter Rosenwald *
Atualizado em 5 dez 2016, 14h09 - Publicado em 27 set 2013, 19h08

A cortina se abre e revela um cenário composto de duas caixas retangulares cheias de areia, divididas por um caminho que se estende em direção a um vazio infinito. Ao fundo, um feixe de areia cai ininterruptamente. Essa é a visão do renomado coreógrafo e bailarino Ushio Amagatsu sobre a origem do mundo, mostrada em Umusuna, coreografia que será apresentada pela companhia japonesa na Cidade das Artes. O grupo nunca deixa de surpreender e fascinar. As imagens evocadas pelo elenco, formado apenas por homens, são marcadas por simplicidade e objetividade. Os bailarinos surgem com a cabeça raspada e cobertos por maquiagem branca para que, assim, se pareçam mais com reflexos uns dos outros do que com indivíduos. E, se o ritmo dos passos aparenta ser mais lento do que na dança ocidental, é porque Amagatsu acredita que as coreografias americanas e europeias trazem movimentos que desafiam a gravidade, enquanto sua dança simpatiza e tem total sincronia com ela. Foi na intensa atmosfera das artes performáticas experimentais do Japão pós-guerra que o senhor Amagatsu criou sua companhia, em 1975. Ele se mostra fortemente atraído pelo ciclo da vida, no qual tudo vem da terra e volta para ela, algo pregado pela filosofia do butô, que influenciou o estilo de dança vindo do Japão e do qual a companhia é adepta.

De gosto impecável e bastante atencioso aos detalhes, ele molda um delicado equilíbrio entre a originalidade e a cultura japonesa tradicional. Coexistindo confortavelmente, o conflito natural entre a ordem universal e o caos é explorado em Umusuna. Exibida pela primeira vez na Bienal de Dança de Lyon do ano passado, a peça, assim como outros trabalhos de Amagatsu, contesta as definições comuns. A antiga palavra japonesa que dá nome à obra possui vários significados, o que combina com o desejo do coreógrafo de evitar rótulos e simplificações. O programa divide-se em sete cenas. Cada uma delas é marcada por um feixe de luz de cor diferente sob o caminho central. Enquanto a peça trata das origens humanas, seu subtítulo, “Memórias da história”, convida o espectador a imaginar livremente como deve ter sido no começo de tudo (90min). Menores de 12 anos, somente acompanhados por um responsável.

Cidade das Artes ? Grande Sala (1?250 lugares). Avenida das Américas, 5300, Barra da Tijuca, ☎ 3325-0102. Quarta (2) e quinta (3), 21h. R$ 100,00 (frisas e camarotes) a R$ 150,00 (plateia central e lateral). Bilheteria: a partir das 13h (qua. e qui.). *?Peter Rosenwald foi crítico de dança do The Wall Street Journal por dezessete anos

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