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Escola Unidos da Tijuca faz homenagem a cantora Beyoncé

Ensaios da ala que representará a diva americana na Sapucaí são um show à parte na quadra

Por Daniela Pessoa Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 dez 2016, 12h00 - Publicado em 31 dez 2016, 12h00
A musa do pop com dançarinas em uma de suas apresentações apoteóticas: inspiração para o Carnaval carioca
A musa do pop com dançarinas em uma de suas apresentações apoteóticas: inspiração para o Carnaval carioca ((Photo by Theo Wargo/Getty Images for TIDAL))

“Solta o bicho!” Essa foi a senha dada pelo assistente de coreografia da Unidos da Tijuca, vice‑campeã da folia carioca, assim que os primeiros versos do samba-enredo Música na Alma, Inspiração de uma Nação ecoaram na quadra da escola. A frase, para lá de motivacional, era dirigida aos 160 componentes da ala Beyoncé, que homenageará a diva do pop. Em cima do salto alto, a turma ensaiava os passos para o desfile da agremiação, que contará a história da música norte-americana na avenida. São 82 homens e 78 mulheres, todos entre 18 e 40 anos, ansiosos para representar a cantora. Eles dançarão uma fusão de samba com stiletto dance, estilo popularizado pela própria Queen B (como a cantora é chamada pelos admiradores mais eufóricos) e que combina jazz, hip‑hop e vogue em cima do salto agulha. A maioria nunca desfilou na Sapucaí. “Eu nunca havia usado salto nem desfilado, mas adoro dançar e faço tudo pela minha musa. Tanto que, no colégio, todo mundo me chamava de Beyoncé”, diz o estudante Diego Souza, de 20 anos, um dos fãs que viraram passistas.

A escolha dos componentes da ala foi complexa. Eles foram avaliados e selecionados em audições que tiveram, entre os jurados, a participação de Fábio Costa, coreógrafo da Unidos há dez anos, e Edson Damazzo, coreógrafo e bailarino da funkeira Ludmilla. Houve mais de 400 inscritos, todos querendo ser Beyoncé por um dia numa das atrações mais aguardadas do Carnaval de 2017. Só o anúncio da abertura das inscrições, em setembro, teve mais de 2 800 compartilhamentos na página da agremiação no Facebook. “Nunca vi nada parecido, nem em 2005, quando coreografei Thriller, do Michael Jackson, também para uma ala”, destaca Costa.

((Foto: Felipe Fittipaldi).)

O processo seletivo teve seis etapas e durou um mês e meio. Inicialmente, a equipe da escola de samba buscava apenas homens. Depois, a procura foi ampliada para as moças também. Entre as exigências estava a de que os candidatos, de ambos os sexos, fossem altos e magros. “No fim, havia gente tão boa que não atendia a esse padrão que decidimos simplesmente ficar com os melhores, fossem eles gordos, magros, altos, baixos, negros ou brancos”, conta o coreógrafo. O critério que valeu mesmo foi saber dançar em cima do salto com muita sensualidade, energia e o famoso “carão” da diva (a conhecida expressão que a cantora faz nos clipes). “Na final, os concorrentes choravam de emoção. Cheguei a receber ligação de uma mãe suplicando para que eu avaliasse o filho com carinho. Não sei como ela descobriu meu número”, diverte-se Costa.

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Uma das provas do estrondoso sucesso da disputa pelas vagas na ala é o vídeo de uma das seletivas que viralizou na internet. Ele alcançou mais de 500 000 visualizações e comenta-se, no entorno da quadra tijucana, que até mesmo a cantora americana, informada da homenagem, chegou a dar uma espiadinha nele. Agora, só falta ela responder se aceita ou não o convite para desfilar na azul e amarelo. Integrante da ala, Monique Santos, de 19 anos, está na torcida pela confirmação da estrela no desfile. Professora de stiletto dance, ela explica que começou a carreira na dança inspirada pela poderosa mulher do rapper Jay Z. “Eu adoraria que ela me visse dançar. A Bey é maravilhosa, não só pelo corpão e pelo talento, mas por tudo o que representa. É uma mulher forte e determinada”, resume.

Os ensaios da azul e amarelo na quadra e, no destaque, os componentes Thais, Diego e Monique: fãs vão incorporar a Queen B
Os ensaios da azul e amarelo na quadra e, no destaque, os componentes Thais, Diego e Monique: fãs vão incorporar a Queen B ((Foto: Felipe Fittipaldi))

Duros e rigorosos, os ensaios acontecem duas vezes por semana e duram quatro horas. Não raro, os alunos reclamam de bolhas nos pés. A estilista Thais Rodrigues, de 28 anos, já perdeu 3 quilos. “É bem puxado”, confessa. Bastam apenas duas faltas na lista de chamada para ser cortado do grupo — filmar o ensaio também é proibido. O paulista Rafael Dolens, de 28 anos, mudou-se de Catanduva, no interior de São Paulo, para o Rio a fim de não faltar um dia sequer. “Vim com dinheiro para ficar uma semana, mas, graças a Deus, consegui um emprego como vendedor. Estou morando num albergue em Botafogo”, conta o rapaz, que tem a silhueta de Beyoncé tatuada nas costas. Do figurino pouco se fala. Sabe-se apenas que será inspirado nos looks usados pela cantora em shows no Brasil, como o Rock in Rio 2013. Na cabeça, uma peruca avaliada em mais de 200 reais. Nos pés, botas de cano curto com 10 centímetros de salto e uma plataforma para a turma aguentar firme os quarenta minutos sem intervalo na avenida. No que depender da empolgação dessa ala, que deve ser a última a desfilar, a Tijuca já é campeã.

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