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A batalha de uma viúva

Norma Pessôa luta para preservar o legado do marido, o pintor Glauco Rodrigues

Por Leticia Pimenta
Atualizado em 5 dez 2016, 15h49 - Publicado em 6 jan 2012, 17h04

Desenhista, ilustrador, gravador e serígrafo, o gaúcho Glauco Rodrigues ficou conhecido como o pintor da brasilidade, pois buscava em temas indígenas e tropicais a inspiração para seus trabalhos. Foi no Rio de Janeiro, cidade para onde se mudou na década de 60 e na qual viveu até morrer, aos 75 anos, em 2004, que sua pintura exuberante se desenvolveu. Essa é, sem dúvida, a faceta mais conhecida de sua obra. Mas Glauco foi também um exímio retratista. Em meio a suas criações icônicas, quatro têm particular relevância. Trata-se de uma série com imagens de Machado de Assis, Pereira Passos, Oswaldo Cruz e do Barão de Mauá, produzida em 1975 por encomenda do então prefeito Marcos Tamoyo para o Palácio da Cidade, em Botafogo. Apesar de sua importância, os quadros passaram os últimos oito anos escondidos na reserva técnica do Museu da Cidade, na Gávea. As telas, com 2 metros de altura e 3 de largura, foram retiradas do lugar original em 2003 por determinação da primeira-dama do município na época, a mulher de Cesar Maia, Mariangeles, que as mandou para o depósito. No fim de dezembro, voltaram ao palácio, graças ao empenho de Norma Estellita Pessôa, hoje com 69 anos, viúva do artista. “Não me conformei quando soube que os quadros haviam sido removidos e mandei um e-mail ao prefeito Eduardo Paes pedindo a ele que os trouxesse de volta”, conta ela.

Casada com o pintor por vinte anos, entre 1984 e o ano de sua morte, Norma empreende uma cruzada pelo resgate do legado de Glauco, um dos grandes nomes da arte contemporânea brasileira. Praticamente sozinha, ela se dedica à tarefa de resgatar suas obras caídas no esquecimento. Com grande disposição, tenta agora garantir que, por meio de um decreto oficial do prefeito, os quatro retratos não deixem mais o casarão de Botafogo. Ao mesmo tempo, zela pela instalação de outra obra, desta vez em uma praça do Alto Leblon. Em 1998, Glauco pintou um painel em homenagem ao escritor e amigo Antonio Callado (1917-1997). A montagem da peça, formada por azulejos e imagens que remetem a livros como Quarup, nunca foi realizada. Com a colaboração de Ana Arruda, viúva de Callado, Norma conseguiu dar andamento à conclusão do monumento, com inauguração prevista para abril. Entusiasmada, já pensa em uma nova empreitada, bem mais complexa. Ela planeja montar o catálogo raisonné com todas as centenas de obras produzidas por Glauco em mais de cinquenta anos de atividade, hoje dispersas em coleções públicas e privadas. Será o tributo definitivo a um artista que sempre amou o Rio, cidade imortalizada em várias de suas telas.

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