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Cariocas aderem ao aplicativo para celular que concentra em uma rede social fotos dos pratos tiradas pelos próprios clientes nos restaurantes

Por Rachel Sterman
Atualizado em 5 jun 2017, 14h18 - Publicado em 14 nov 2012, 17h25

Os pratos chegam à mesa, mas a refeição demora um pouco para começar. Antes de pegar os talheres, o cliente saca o celular, fotografa cada pedido e, em seguida, posta os registros na internet ? pouco importa que a comida esfrie. Ao deparar com essa cena em algum restaurante carioca, não estranhe: trata-se de uma prova de que o Foodspotting chegou ao Rio. Voltado para quem gosta de fotografia e gastronomia, o aplicativo serve de atalho para uma rede social cujo objetivo é compartilhar os itens de cardápios. Lançada nos Estados Unidos em 2010 e apta a rodar em iPhone, Android e Windows Phone, a ferramenta reúne 3,5 milhões de usuários no mundo, com mais de 2,5 milhões de pratos retratados. O Brasil, por sua vez, está entre os dez países de maior atividade no Foodspotting, com São Paulo na primeira posição e o Rio na segunda. “Alguns dos aplicativos de maior sucesso no mundo, como o Instagram, prosperaram porque têm foco em um único objetivo”, afirma, por e-mail, a americana Alexa Andrzejewski, que aos 28 anos é uma das idealizadoras do programa e atual CEO da empresa, com sede em São Francisco. “Por isso tivemos a ideia de nos concentrar apenas em localização e compartilhamento de pratos, aproveitando o que há de mais funcional em outras ferramentas.”

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Desenvolvido no mais importante polo de tecnologia do planeta, o Vale do Silício, na Califórnia, o Foodspotting já totalizava 1 milhão de downloads no iTunes antes mesmo de completar um ano de funcionamento. Seu poder de sedução está em reunir na mesma interface os melhores recursos de outros programas do gênero. A fotografia, por exemplo, veio do Instagram, aplicativo de fácil manuseio capaz de criar diversos efeitos nas imagens. Já a geolocalização e os chamados check-ins são provenientes do Foursquare, e a ideia de compartir opiniões sobre comida, bares e entretenimentos em geral foi pinçada do Yelp, que é muito utilizado pelos americanos. Uma vez cadastrada, a pessoa pode seguir outros usuários e vice-versa, num mecanismo similar ao do Twitter. Quanto mais seguidores e interação, maior será a pontua­ção do autor das fotos. Não é a única distinção possível. Ao postar o mesmo tipo de prato com frequência, o navegador ganha um badge (em português, algo como insígnia ou título) e torna-se um expert na categoria. É o caso do advogado e fotógrafo carioca Ivan Leal Filho, perito na arte de enquadrar steak tartare, prato de origem francesa preparado com carne bovina crua temperada. “Quero acumular o maior número de badges e virar especialista em vários itens”, diz.

Além de propiciar a interação entre as pessoas, o Foodspotting funciona como um guia colaborativo fundamentado no visual e nos comentários. Pela geolocalização, é possível identificar os itens recomendados de restaurantes de uma determinada área ? o que vale para um bairro ou uma cidade de qualquer país. “Nosso propósito é ajudar as pessoas a encontrar a comida que desejam”, esclarece Alexa Andrzejewski. No Rio, as receitas campeãs de indicação são o pão australiano servido na rede Outback e o croquete da Casa do Alemão (veja o quadro). “Meu espírito não é de competição, mas de troca”, garante o publicitário Eduardo Forbes, ativo nas duas pontas do aplicativo, tanto clicando quanto curtindo as imagens. “Quando estou na rua, sem ideia de onde comer, muitas vezes busco orientação ali.”

O incremento do programa confirma uma tendência no universo dos aplicativos: buscar nichos específicos, como provam o Instagram, o Foursquare, o Yelp e o Linkedin, este direcionado para contatos profissionais. Quanto aos desdobramentos do Foodspotting, seu raio de possibilidades é amplo. A exemplo do que ocorreu com o Twitter, o brinquedinho da vez também é utilizado como uma ferramenta de divulgação. Há quem já aposte nesse potencial. Além de compartilhar dicas coletadas em viagens mundo afora, a restauratrice Cristiana Beltrão faz uso profissional do aplicativo. Proprietária do Bazzar, ela aproveita a rede social para promover as receitas de seu estabelecimento. “Como aquele espaço reúne pessoas com o mesmo interesse, elas podem se tornar clientes”, afirma. Antes de se integrar à turma e sair por aí fazendo registros a torto e a direito, porém, é preciso ter bom-senso para manter a discrição na hora de clicar à mesa. “Sei que está havendo uma mudança de comportamento, mas se deve tomar cuidado para não pôr em risco o convívio social”, alerta a especialista em etiqueta Danielle Stipp Melamed. Afinal, não basta ser sociável na rede. Há que ter esse bom comportamento na vida real também.

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