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Bandejão de ouro

O cardápio que a chef Roberta Sudbrack servirá aos nossos atletas em Londres terá desde receitas inéditas até clássicos de sua cozinha, a exemplo do picadinho de carne e do brigadeiro

Por Bruna Talarico
Atualizado em 5 jun 2017, 14h28 - Publicado em 11 jul 2012, 17h41

Se uma boa refeição é o melhor combustível de um atleta, a delegação brasileira tem tudo para deixar os Jogos de Londres com muitas medalhas na bagagem. Primeira chef do Rio cujo restaurante integra a lista dos 100 melhores do mundo e ex-goleira amadora de handebol, Roberta Sudbrack terá uma missão desafiadora durante a Olimpíada: comandar as caçarolas do Crystal Palace, o centro de treinamento que será usado pelos competidores nacionais. Para os íntimos, o refeitório do local já está sendo chamado de “bandejão de ouro”. Ali, a partir do dia 16, quando chegam nossos primeiros representantes, os esportistas poderão provar algumas receitas consagradas pela mestre-cuca e outras ainda inéditas. O picadinho, com farofa de ovo e banana à milanesa, surge como um possível favorito ao pódio das preferências. Criada na época em que Roberta chefiava a cozinha do Palácio da Alvorada, em Brasília, a combinação era a preferida do presidente Fernando Henrique Cardoso. Aparentemente trivial, ganha toques gourmets, com a carne cortada na ponta da faca e cozida no caldo à base de gelatina natural. “Escolhemos apenas pratos típicos da nossa culinária para resgatar a sensação de comer em casa. É uma tentativa de diminuir a tensão antes das competições”, explica ela.

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Elaborado em parceria com uma equipe de nutricionistas do Comitê Olímpico Brasileiro, o cardápio exigiu uma preparação semelhante à dos atletas de elite. No início de maio, Roberta foi conhecer de perto as instalações na capital inglesa e descobrir possíveis fornecedores. Durante cinco dias, fez, com o perdão do trocadilho, uma verdadeira maratona pelos principais mercados da cidade. No Borough Market, um Cadeg de primeiríssimo mundo, consultou os feirantes para saber quais seriam as frutas, legumes e verduras que estariam disponíveis na época dos Jogos. Na rede Whole Foods, conferiu alimentos naturais e orgânicos que poderiam ser usados. Sua maior dificuldade, no entanto, foi achar os ingredientes típicos da culinária nacional. Graças a uma extensa pesquisa, ela conseguiu encontrar uma mercearia, onde poderá garantir itens como feijão-preto, farinha de mandioca, carne-seca e até leite condensado, que será usado no preparo de um dos nossos melhores e mais emblemáticos docinhos, o brigadeiro.

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Reunidos em um grande bufê self-service, os 400 representantes brasileiros terão quinze opções para satisfazer o estômago (veja algumas delas no quadro abaixo). Apetites mais conservadores serão contemplados com a clássica combinação de arroz, feijão e farofa de ovo, servida diariamente. As necessidades e restrições alimentares dos variados grupos de atletas, que incluem ginastas que mal passam dos 50 quilos e pesos pesados das lutas, também foram observadas. Cada prato será acompanhado de uma ficha técnica, que vai exibir a quantidade de calorias, carboidratos, proteínas e gorduras. “Nós vamos oferecer um cardápio amplo e as equipes técnicas das modalidades terão de selecionar o que cada um deve ou não comer”, conta Luis Viveiros, coordenador de ciência do esporte do COB.

Não é a primeira vez que a delegação brasileira terá um profissional laureado fora do esporte nos bastidores de sua preparação. Em 2004, o estilista paulista Alexandre Herchcovitch criou os uniformes usados pela delegação nos Jogos de Atenas. O vestuário não passou despercebido na ocasião, gerando comentários positivos na imprensa internacional – desta vez, a criação será feita pela Nike. No comando das caçarolas, porém, a situação é inédita. A ideia nasceu como uma maneira de dar mais conforto aos competidores. A princípio, foram cogitados cinco nomes, mas os estudos sobre os ingredientes nacionais, os louros conquistados em prêmios de gastronomia e mesmo o distante passado de atleta fizeram com que Roberta fosse escolhida. Ela se entusiasma com a sua atuação olímpica: “Vou defender o Brasil da cozinha. Não pode haver honra maior para uma cozinheira”.

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