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As dasluzetes cariocas

Com salário mensal de 10 000 reais e bônus que chegam a 20 000, duzentas candidatas disputaram o cargo de vendedora na grife paulista. Apenas dezoito foram selecionadas

Por Carla Knoplech
Atualizado em 5 jun 2017, 14h46 - Publicado em 4 nov 2011, 18h06

Foi uma espécie de vestibular. Só que, no lugar das provas de matemática e português, as candidatas precisaram desfilar todo o seu conhecimento em matérias bem menos chatas. As questões se referiam basicamente ao mundo da moda, decoração e estilo. Nos últimos dois meses, cerca de duzentas pretendentes sonharam com uma vaga na equipe da primeira filial da Daslu no Rio. Após a longa espera, o resultado finalmente foi divulgado: apenas dezoito saíram vitoriosas. O funil tão apertado tem uma explicação. Essas meninas representarão a marca paulista, ícone de refinamento e ostentação, na cidade. Em São Paulo, nomes badalados nas colunas sociais, a exemplo de Sophia Alckmin, filha do governador Geraldo Alckmin, e Carolina Maga­lhães, neta do ex-político Antônio Carlos Magalhães, faziam parte do time de vendedoras. Por aqui, os nomes não são tão reluzentes, mas combinam perfeitamente com a imagem de sofisticação da grife. “Foi incrível ter sido escolhida”, comemora a atriz Ana Ferraz. Aos 32 anos, moradora de Ipanema, de mudança para o Leblon, ela é o símbolo de como deve ser uma dasluzete: bonita, educada nas melhores escolas, frequentadora dos principais agitos e viajada. “Eu jamais trabalharia em uma loja se não fosse na Daslu”, diz ela, ao lado de duas das novas companheiras, a administradora de empresas Verônica Goés, 31 anos, e a estudante de relações internacionais Christiana Ururahy, 33.

Pertencer ao seleto clube de funcionárias da grife, de fato, traz privilégios raros ao universo das vendedoras. A começar pelo salário. Se for bem-sucedida, uma dasluzete pode embolsar cerca de 10?000 reais por mês. Em época de festas, a remuneração é incrementada ainda por generosos prêmios. Quem bate a meta anual, por exemplo, ganha um incentivo de mais 20?000. Outra importante diferença é a visibilidade que a posição empresta. Nos áureos tempos em São Paulo, as moças se transformavam em semicelebridades. Seus modelitos passavam a ser copiados, seus nomes figuravam entre os convidados vips em recepções e até suas opiniões sobre moda eram levadas em consideração. Essa parte, pelo menos, continua igual. Os vestidos, saias e calças da nova coleção serão todos submetidos ao crivo das moças. “Se elas não gostarem da roupa, já sei que não vai vender”, revela o estilista Sandro Barros.

O glamour do passado não será tão simples de ser alcançado por aqui. A história da butique pode ser dividida em duas etapas: uma antes e outra depois de uma operação conduzida pela Polícia Federal, que resultou na detenção da proprietária, Eliana Tranchesi, e de seu irmão, Antonio Carlos Piva de Albuquerque. Na ocasião, a batida dos agentes foi uma tragédia para a empresa. Assustadas com as investigações, muitas clientes sumiram dos seus salões. Pouco a pouco, a marca se reestruturou, foi comprada pelo grupo Laep, capitaneado pelo empresário Marcus Elias, e ganhou musculatura para expandir seus domínios. Dentro desse processo de recuperação, o desempenho no mercado do Rio significa uma importante etapa. Com previsão de inauguração para o fim do mês, a loja ocupará dois andares do Shopping Fashion Mall, considerado estratégico porque fica em São Conrado, entre o público da Zona Sul e o da Barra. Nos seus 800 metros quadrados, os cariocas poderão encontrar roupas para homens, mulheres e crianças e até artigos para casa. Entre os itens oferecidos, a peça mais barata será uma colônia de 45 reais. A mais cara, um vestido de 2?800.

Antes da aguardada estreia, o time de dasluzetes passará por uma imersão total numa espécie de universidade do luxo. Ao longo das próximas duas semanas, elas receberão lições sobre a história do empreendimento, detalhes sobre os produtos à venda, as últimas novidades do mundo das artes, turismo e gastronomia. A ideia é que as moças, mesmo oriun­das de famílias abastadas, dominem uma série de conceitos e informações para impressionar os clientes da alta-roda (veja o quadro). As aulas serão ministradas no próprio quartel-general da grife, a Villa Daslu, em São Paulo, prédio em estilo neoclássico, com quase 60?000 metros quadrados. Ali, elas terão também orientações de ordem prática. Cada uma delas acompanhará a rotina de uma vendedora paulista. “Quero que elas vejam de perto como se faz um atendimento calmo e elegante”, conta Daniella Fernandes, gerente da unidade carioca e uma das responsáveis pela seleção. Cer­tamente as moças não voltarão falando expressões como “Ô meu” ou “E aí, manô?”.

Filial do shopping Cidade Jardim,  na capital paulista: a loja carioca terá produtos de 48  a 2?800 reais
Filial do shopping Cidade Jardim, na capital paulista: a loja carioca terá produtos de 48 a 2?800 reais ()
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Na ponta da língua

Informações úteis, ou nem tanto, que toda dasluzete deve saber de cor

É obrigatório ler, e se possível citar, trechos das bíblias do mundo fashion. A exemplo de Style Book: Fashionable Inspirations, Prada e Avedon Fashion 1944-2000.

Elas precisam estar antenadas com as últimas novidades do mercado gastronômico. Um exemplo: acaba de chegar a Nova York uma filial da famosa pâtisserie francesa Ladurée, de 1862, com seus deliciosos macarons

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Devem comentar com desenvoltura as noitadas mais concorridas do circuito Elizabeth Arden. Não é novidade para elas que, até a véspera do Ano-Novo, funciona em Paris um bar que parece mais uma obra de arte, o Bubble

Vendedora de luxo que se preze está sempre por dentro de hotéis, restaurantes ou passeios nos principais destinos da moda. Quanto mais exótica a dica, melhor. A bola da vez é a Turquia

Em tempos de redes sociais, é de bom-tom não esquecer as regras básicas de etiqueta. Sentar-se na primeira fila de desfiles e trocar mensagens no celular torna-se um crime inafiançável

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