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A tempestade chega ao Rio

Em etapa do circuito mundial que começa quarta (8) na Barra, o carioca pode ver de perto a melhor geração do surfe nacional, batizada de ?Brazilian storm?

Por Caio Barretto Briso
Atualizado em 5 dez 2016, 14h29 - Publicado em 8 Maio 2013, 20h37

A sequência é impressionante. Assim que a onda se forma, o surfista dá umas poucas braçadas, sobe na prancha, pega impulso e executa um mortal para trás, 3 metros acima da crista, caindo de pé como um felino. Esse momento mágico, alcançado no ano passado no Havaí, contabiliza 1,2 milhão de acessos no YouTube. O protagonista da cena é o paulista Gabriel Medina, que aos 19 anos desponta como a principal promessa brasileira no surfe, modalidade em que nunca tivemos a supremacia mundial. “Medina vai definir o que será feito no surfe nos próximos dez ou vinte anos”, prevê ninguém menos que Kelly Slater, onze vezes campeão, que já sentiu na pele o poder de fogo do jovem rival. O brasileiro superou o mito americano em duas das três vezes em que se enfrentaram diretamente. Pois esse talento emergente das ondas está treinando no Rio. Há uma semana, duas vezes ao dia, ele bate ponto no mar da Barra da Tijuca, em preparação para a etapa brasileira do circuito mundial, que começa na quarta (8), próximo da Praia do Pepê.

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Apelidado de The Freak (“aberração”, em português), devido a seu dom ímpar para as manobras aéreas, Medina é o destaque da geração mais promissora da história do surfe no país, já chamada pela imprensa especializada de “Brazilian storm” (tempestade brasileira). Os integrantes do grupo, na faixa etária de 18 a 26 anos e que têm em comum o estilo agressivo nas ondas, vêm realizando façanhas históricas. Atualmente, seis dos 34 atletas da elite mundial são do Brasil. Na segmentação por nacionalidade, só ficam atrás de Austrália e Estados Unidos. O elenco sobressai pelo potencial, o que poderá ser comprovado in loco pelo público carioca durante as provas na Barra. Da esquadra nacional fazem parte Filipe Toledo, que aos 18 anos é o caçula do torneio, e Adriano de Souza, o Mineirinho, 26, classificado entre os cinco melhores do mundo nas últimas duas temporadas. Na competição de agora, o único representante do Rio é o experiente e talentoso Raoni Monteiro, 30 anos, cria de Saquarema.

Veja os brasileiros e suas façanhas de destaque na divisão de elite

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Ao crescer na era do profissionalismo, a turma da tempestade brasileira enterra de vez qualquer resquício de romantismo associado à atividade. Viver a vida sobre as ondas não é o paraíso que muitos imaginam. No caso dessa geração, ela reúne atletas moldados para brilhar desde muito cedo. Todos eles passam longas temporadas no exterior, falam inglês fluentemente e, quando estão de folga nos intervalos dos torneios, submetem-se a treinos físicos intensos, que incluem até mesmo exercícios militares para trabalhar força, resistência e potência muscular. O esforço tem sua recompensa. Cada um deles acumula de quatro a seis patrocínios. Só a título de premiação, Mineirinho já faturou mais de 2 milhões de reais, enquanto o noviço Medina está na faixa acima de 1 milhão. Com a conta bancária abastecida, eles podem financiar uma boa infraestrutura à sua volta. Nas viagens internacionais, Medina, por exemplo, leva sempre o padrasto, Charles Saldanha, que exerce as funções de treinador e cinegrafista.

Terceira das dez competições do circuito mundial programadas para esta temporada, a etapa carioca é a única sediada na América Latina. Em busca da premiação, que totaliza 1 milhão de reais, os concorrentes disputam baterias com dois ou três participantes até que se chegue ao vencedor. Realizada no Rio de Janeiro ao longo de toda a década de 90, a prova viveu um exílio em Santa Catarina de 2003 a 2010. Há dois anos retornou para a orla da Barra, e, para coroar, a vitória ficou com Mineirinho, que se juntou ao grupo dos outros três brasileiros que já triunfaram em mares verde-amarelos. Em quarto lugar na colocação geral do ranking deste ano, ele também chega embalado para bater o atual líder do circuito, Kelly Slater. Foi de Mineirinho o triunfo na última competição, em Bells Beach, na Austrália. Na comemoração, balançou com tanta intensidade o troféu, em formato de sino, que o objeto se desprendeu. O gesto acabou se tornando um símbolo da força brasileira. “Estamos concentrados em ter nosso primeiro campeão mundial, não importa quem seja”, diz, com a consciência de um veterano, Filipe Toledo. “Mal sabem os gringos que a tempestade apenas começou”, provoca Medina. Se ele e seus colegas se atirarem no mar da Barra com esse espírito, o tempo vai fechar para os estrangeiros.

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