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Made in Grajaú

Botequins nascidos no bairro da Zona Norte espalham filiais pela cidade

Por Rafael Sento Sé
Atualizado em 5 dez 2016, 16h11 - Publicado em 30 jun 2011, 20h24

[—FI—]Nas obras de Nelson Rodrigues e Stanislaw Ponte Preta, o Grajaú é bem mais do que simples pano de fundo para tramas mirabolantes. O ar interiorano de suas ruas torna-se o contraponto ideal para personagens intensos que acabam com a tranquilidade da vizinhança. Do ano passado para cá, o bairro acrescentou uma nova característica a esse perfil: a de exportador de botequins especializados em um tipo único de petisco, oferecido em uma assombrosa diversidade de sabores. O pioneiro nesse movimento, o Bar do Adão, com 55 variações de pastel, ganhou status de rede e chegou a áreas nobres como o Leblon e a Barra da Tijuca. Ali, inaugurou sua mais recente loja, a sétima, em fevereiro. Seguindo seus passos, o Bar du Bom, que oferece trinta tipos de croquete, finca seu letreiro na Tijuca até o fim do mês e o Enchendo Linguiça passa a vender seus embutidos, entre eles o de feijoada, também na Lapa.

Com seu estilo suburbano-desinibido, as três casas seguem na contramão da tendência dos botecos pé-limpo, que, com formato e cardápio homogêneo, acabam dando ao cliente a sensação de mais do mesmo. “A gente até tem porção de batata frita com calabresa no cardápio, mas o que nos dá mais prazer é criar coisas diferentes, como o croquete de lombinho com abacaxi. Essa é a nossa marca registrada”, justifica Renato Lapagesse, sócio do Bar du Bom.

Manter-se fiel às origens não significa necessariamente que as filiais são idênticas às matrizes. A nova loja do Bar du Bom será três vezes maior que a original e a previsão é que a produção de croquetes pule das atuais 6?000 unidades mensais para 15?000. Quando a segunda filial do Enchendo Linguiça estiver em funcionamento, será vendida 1,2 tonelada do petisco ? contra os 600 quilos de hoje. “Na Lapa, vou investir no cachorro-quente de alto nível para atrair aquele público que está saindo do tra­balho ou quer fazer um lanche rápido”, conta o dono, Fernando Breschnik.

Repleto de casas e prédios baixos, o Grajaú é um oásis verde na Zona Norte. Tal cenário ajuda a entender o apelo sobre os forasteiros que, nos fins de semana, abarrotam as mesas espalhadas pelas calçadas. “É como se fosse uma novela de época. Os botecos são muito simples, mas o serviço é bem atencioso”, compara Renato, do Bar du Bom. A vocação boêmia local ganhou impulso em 1991, quando o Bar do Adão foi comprado por José Ibiapina Ferreira da Costa. Até então, era apenas mais uma daquelas biroscas que vendem ovo colorido. Com os pastéis feitos pela esposa, Lenir, o lugar ganhou fama. Ainda hoje, é o casal quem compra os ingredientes em feiras e mercados, batendo ponto todos os dias na matriz. Esse é o estilo Grajaú de comandar botequins.

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