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A onda dos izakayas chega ao Rio

Chefs e empresários estão apostando nos típicos botecos japoneses, onde o foco é beber e petiscar

Por Fábio Codeço Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 1 abr 2017, 00h50 - Publicado em 1 abr 2017, 00h50

Era um fim de domingo quando um grupo de oito amigos japoneses conversava animadamente na sua língua materna. Uns bebiam cerveja, outros iam de saquê, enquanto a turma beliscava cubos de tofu frito com caldo de peixe (agedashi-dofu, para os íntimos) como se fossem uma porção de batata frita. Bem longe do Japão, o encontro se deu no Leblon, mais especificamente na Rua Humberto de Campos, na noite do último dia 19, no recém-inaugurado Pabu Izakaya. Aberto em fevereiro, o local já virou destino dos integrantes da pequena comunidade nipônica no Rio, que assiste à abertura em série de representantes dos tradicionais izakayas, uma das principais tendências gastronômicas para 2017. Eles são o equivalente ao boteco carioca, sem muita frescura no ambiente, com comidinhas mais caseiras e a preços acessíveis. Tanto que a jornalista Aya Yanagida escolheu o espaço para fazer sua despedida da cidade depois de passar uma temporada morando aqui. “Um izakaya que apareceu no Leblon e me fez esquecer que eu estava no Rio”, postou em sua conta no Instagram após um brinde no balcão.

Tonkatsu do Pabu: o porco à milanesa é um clássico de izakaya (Tomás Rangel/Divulgação)

No caso do pequenino Pabu, que acomoda apenas 23 comensais em um balcão, uma boa carta de saquês (servidos em copo americano), cervejas e sochu — típico destilado de batata — são companhia para pratos pouco difundidos por aqui. “Não quisemos ser radicais, mas tentamos preservar o conceito original ao máximo”, conta Cristiano Lana, que divide o empreendimento com quatro sócios, entre eles Eduardo Preciado, que já tinha posto um pé nesse ramo ao transformar o antigo Minimok de Ipanema em Sushi Izakaya Mok. “No Japão, não há sushi nem temaki nos iza­kayas. Ampliamos o leque, mas focamos os preparos típicos”, acrescenta Lana. Isso inclui a moela refogada na cerveja com shoyu, e o tonkatsu, um bife de carne de porco empanado. “Temos até sushi, mas nada de combinados”, adianta. Outro profissional a investir no filão foi o chef japonês Shin Koike. Radicado em São Paulo, onde comanda o prestigiado Sakagura A1, o mestre-cuca instalou no Vogue Square, ao lado do restaurante que leva seu nome, um estabelecimento mais despojado, o Roman Izakaya. O local tem iluminação baixa, trilha sonora alta e sugestões caseiras. “O brasileiro ainda associa comida japonesa a peixe cru, mas a cozinha do dia a dia é quente”, ensina Koike, que serve língua bovina, barriga de porco e rámen (ou lámen), ensopado de macarrão, vegetais e porco.

Direto de São Paulo: o chef Shin Koike apostou no modelo para expandir seus domínios cariocas (Selmy Yassuda/Divulgação)

Historicamente, izakaya, que, em tradução literal, significa “lugar onde encontrar saquê”, era uma loja da bebida que oferecia provas de seus rótulos para que o cliente escolhesse o que levar. Para acompanhar a degustação, os donos começaram a servir petiscos simples. Conversa vai, conversa vem, as lojas transformaram-se em redutos para beber, beliscar e papear. No início, o cardápio era formado basicamente por conservas, frituras, grelhados, tudo para ser consumido junto com a bebida. Hoje, incorporaram traços de outros tipos de estabelecimento e, mesmo no Japão, já há exceções. Jovens chefs de cozinha, por exemplo, começaram a investir no modelo, mais barato que um restaurante, para mostrar seu trabalho autoral, e existem até grandes redes nesse formato. Por aqui, o mercado ainda engatinha, mas a tendência tem tudo a ver com a cidade. “Esse clima de informalidade combina com o Rio. Não sei como os empresários cariocas ainda não tinham apostado nisso”, surpreende-se Jo Takahashi, autor do livro Izakaya: por Dentro dos Botecos Japoneses. Agora, ao que tudo indica, essa é a bola da vez. Além do Pabu, do Mok e do Roman, o Minato Izakaya, um dos mais concorridos endereços da categoria em São Paulo, terá uma filial na cidade até o fim de abril.

Cardápio do ano: tendências para a gastronomia em 2017 (Veja Rio/Veja Rio)
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