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Guerra contra o bacilo

Aparelho reduz de dois meses para duas horas o diagnóstico da tuberculose

Por Letícia Pimenta
Atualizado em 5 dez 2016, 15h20 - Publicado em 24 out 2012, 18h25

Trazida pelos europeus, a tuberculose chegou ao Brasil ainda no século XVI. Sua porta de entrada foi o Rio de Janeiro, que, desde então, nunca mais se viu livre da moléstia. Tanto é assim que, em pleno século XXI, a cidade encabeça o ranking de ocorrências, com 6?500 casos de um total de 70?000 registrados no país a cada ano. Um dos empecilhos no combate à doença é a demora no diagnóstico, o que facilita o contágio, que se dá pelo ar. Método em voga há mais de 100 anos, a baciloscopia pode levar até dois meses para cravar o resultado. É exatamente para acabar com esse hiato que chegou por aqui um novo equipamento, capaz de detectar o mal em apenas duas horas. Ao lado de Manaus ? o segundo município em número de incidências ?, o Rio foi escolhido pelo Ministério da Saúde para testar o GeneXpert, aparelho americano que consegue realizar até oitenta exames simultaneamente. No início do próximo ano, ele será implementado na rede pública, e a expectativa dos coordenadores do projeto é diagnosticar 30% a mais de pacientes. “Não existe doença que tenha ficado tão parada no tempo em termos de inovação tecnológica quanto a tuberculose”, afirma a pneumologista Margareth Dalcolmo, pesquisadora da Fiocruz. “O novo método vai mudar o tratamento de uma enfermidade que sempre foi lenta e insidiosa.”

Além da velocidade de processamento, a máquina tem entre suas virtudes a dimensão. Com exceção do modelo maior, que realiza oitenta exames, os demais são compactos e fáceis de transportar para locais de difícil acesso. Outro ponto a seu favor diz respeito à segurança dos operadores, que não têm contato com a amostra coletada: recolhe-se a secreção em um recipiente que, por sua vez, é introduzido no equipamento. “Embora pareça sofisticado, ele é muito fácil de manusear. Seu uso em larga escala pela rede pública é totalmente factível”, assegura a médica Betina Durovni, coordenadora da experiência na cidade. Tudo isso, é claro, tem seu preço. Para o município, que traz o produto sem taxação, cada máquina custa aproximadamente 35?000 reais ? pouco menos que um quarto do valor cobrado aos laboratórios particulares. Portanto, trata-se de um exame caro. As poucas clínicas privadas que já oferecem o teste por aqui cobram cerca de 300 reais por paciente. Em termos de saúde pública, sem dúvida, o investimento tem retorno garantido. Acelerar o diagnóstico é um passo fundamental para a redução da incidência de tuberculose, moléstia chamada de “mal do século XIX” e que permanece fazendo estragos nos dias atuais.

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