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Um ano para esquecer

O Theatro Municipal tem projetos ambiciosos para encorpar a programação, que nesta temporada esteve muito aquém do desejável

Por Letícia Pimenta
Atualizado em 5 dez 2016, 15h14 - Publicado em 26 dez 2012, 15h30

No dia 25 de janeiro, a presidente da Fundação Theatro Municipal, Carla Camurati, reuniu-se com seus assessores para acertar os últimos detalhes da programação de 2012, com lançamento previsto para dali a poucos dias. Por volta das 8 da noite encerrou o expediente e, quando estava a caminho de casa, foi surpreendida com a notícia de que dois prédios vizinhos da centenária instituição haviam desabado, deixando um rastro de destruição e morte em torno do santuário erudito da cidade. Carla retornou de imediato e pôde constatar pessoalmente a extensão do estrago. No edifício anexo, pertencente ao complexo cultural, o lobby fora destruído pelos escombros. Como consequência, o local, que é onde funcionavam as salas de ensaio e toda a parte operacional do teatro, ficou dois meses interditado pela Defesa Civil e mais seis em reforma. Para realizar as obras emergenciais, a direção teve de contingenciar um terço dos 12 milhões de reais destinados originalmente à produção de espetáculos. Sendo assim, defende-se Carla, a temporada anual ficou comprometida e só teve início no fim de maio, com dois meses de atraso. “Para nós, 2012 não valeu. Apesar disso, conseguimos fazer doze montagens próprias, entre balés, óperas e concertos”, argumenta ela. No total, somando-se as produções de fora, a casa recebeu 21 atrações.

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[—FI—]

Compensar o prejuízo artístico e financeiro desta temporada virou a prioridade para 2013. É fato que a minguada agenda de canto lírico deste ano foi o ponto negativo da administração de Carla Camurati, alvo de duras críticas por ter realizado apenas duas óperas, Rigoletto, de Giuseppe Verdi, e A Viúva Alegre, opereta de Franz Lehár, muito pouco em comparação com as doze encenações efetuadas pelo Municipal de São Paulo no mesmo período. “Em uma cidade com o perfil do Rio, o ideal é ter no mínimo cinco ou seis montagens diferentes por ano”, afirma André Heller-Lopes, diretor com passagens por importantes casas do gênero no exterior. Tal cenário deve mudar no novo calendário. Na lista de produções previstas há quatro óperas, entre as quais La Traviata, de Verdi, e quatro balés, destacando-se Notre-Dame de Paris, com coreografia do francês Roland Petit, morto recentemente. Ambas as montagens já haviam sido programadas para 2012, mas acabaram sendo suspensas devido aos percalços do começo do ano. Como o ano que vem marca o bicentenário de nascimento de Verdi e Richard Wagner, os dois compositores terão destaque na grade de programação. Um reforço virá ainda com a retomada do bem-sucedido projeto Ópera ao Meio-Dia, que visa a atrair quem circula pelo Centro na hora do almoço.

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Em teatros como o Municipal, a figura de um diretor artístico atuante é fundamental para lapidar a programação e garantir a unidade do balé, da orquestra e do coro nas produções domésticas. Portanto, a contratação de um novo profissional para o cargo se tornou urgente. Seu nome será divulgado em janeiro, junto com a agenda completa, que ainda aguarda a aprovação do orçamento do estado. Até abril de 2011, o maestro Roberto Minczuk se dividia entre essa função e a de regente titular da Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB). Ele deixou o primeiro posto em meio a uma crise com os músicos da OSB e foi substituído interinamente pelo maestro da orquestra do Municipal, Silvio Viegas, que também enfrentou turbulências. Com o apoio de Carla, Viegas precisou apaziguar a crise nos corpos artísticos, que reivindicavam a realização de concurso público para preencher as mais de 100 vagas em aberto, do total de 350. O último exame ocorreu há dez anos. Um paliativo veio na semana passada, quando a Secretaria da Casa Civil revalidou os contratos temporários do coro e da orquestra até março de 2014, de modo a ganhar tempo para concluir os trâmites do processo de admissão, ainda sem data. “Somos um teatro de repertório. Não dá para fazer um bom trabalho se o time não estiver completo”, ressalta a violinista Jesuína Passaroto, presidente da associação de músicos da casa.

Uma das formas mais recorrentes de encorpar a programação se dá por meio de parcerias e coproduções, devido à agilidade e à economia que elas propiciam. Em 2011, foram exibidas três óperas em conjunto com a Fundação Clóvis Salgado, de Belo Horizonte. No próximo ano, novos convênios nacionais e internacionais prometem ampliar o fôlego do Municipal. Está prevista a realização de espetáculos pactuados com o seu par paulista e com a Royal Opera House, de Londres. Para expandir o público, que neste ano, até novembro, teve 110?000 espectadores a menos que em 2011, algumas de suas montagens serão exibidas no Teatro Bradesco, no Shopping VillageMall, na Barra da Tijuca. Por fim, o recinto de 183 lugares do prédio anexo, antes usado como sala de audições, será reaberto com programação dedicada a saraus. Resumo da ópera: 2013 tem tudo para marcar a volta do Municipal do Rio ao posto de protagonista no cenário clássico do país.

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