Rubem César Fernandes e Hugo Coque
O antropólogo que criou uma das ONGs mais ativas da cidade tem muito em comum com um sonhador tenente da PM lotado em uma Unidade de Polícia Pacificadora
Fundador do Viva Rio, em 1993, Rubem César Fernandes logo ficou associado ao fenômeno das ONGs. Hoje, no entanto, rejeita o rótulo de “ongueiro”. Perdeu o gosto pela expressão, pois ela “ficou comprometida”. Prefere ser chamado de antropólogo e empresário social. À frente da organização, comandou ações como o Reage Rio (“Lembro das pessoas na gare da Central gritando frases da campanha”) e foi figura-chave na criação do Estatuto do Desarmamento. Nascido em Niterói mas radicado no Leme, ele diz que nunca teve a pretensão de virar parlamentar. “Em 1968, não gostei da invasão da Checoslováquia pela União Soviética. Ali percebi que política partidária não era a minha.” Entusiasta das chamadas forças sociais alternativas, é exatamente por isso que admira tanto o trabalho em tempo integral do tenente Hugo Coque, 25 anos, lotado na Unidade de Polícia Pacificadora do Morro da Babilônia. Em seus plantões, devidamente fardado, o PM faz o patrulhamento do local. Fora do serviço, à paisana, ele vai à favela do mesmo jeito, a fim de ouvir as demandas dos moradores. Dessa forma, abriu um canal de comunicação importante e contribui para uma causa que Rubem César Fernandes ajudou a semear: a construção da cidadania.