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O Rio levanta a taça

Dois times da cidade conquistam os títulos nacionais de vôlei, o esporte que mais rendeu medalhas olímpicas ao país

Por Felipe Carneiro
Atualizado em 5 jun 2017, 14h03 - Publicado em 24 abr 2013, 19h10
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Quando o carioca Bruninho levantou a taça da Superliga Brasileira de Vôlei, no último domingo (14), fez muito mais do que comemorar o título nacional do RJX. Seu gesto simbolizou a volta da hegemonia do esporte para a cidade, já que na semana anterior o Unilever fora a São Paulo buscar o troféu do torneio feminino. A última vez que o Rio abrigara os dois troféus havia sido 32 anos antes, quando o pai do levantador ? o hoje treinador Bernardinho ? ajudou em 1981 a Atlântica Boavista a ganhar o então chamado Campeonato Brasileiro, dias depois de as meninas do Fluminense vencerem a final contra o Minas Tênis Clube. A três anos da Olimpíada, a cidade reconquista a supremacia no esporte que mais medalhas conquistou para o país ? foram dezenove, cinco delas de ouro. “É muito bacana reviver essa conquista do vôlei aqui no Rio e poder resgatar a torcida, o apoio e a paixão do carioca, algo que não víamos fazia muito tempo”, diz Bruninho.

O hiato de mais de três décadas entre a dobradinha masculino e feminino se deve basicamente a um fator: dinheiro. Foi justamente aqui que germinou a ideia de criar equipes com o nome de grandes empresas, em 1980, com o Atlântica Boavista, patrocinado pela seguradora do banqueiro Antonio Carlos de Almeida Braga, o Braguinha. Na ocasião, montou-se uma estrutura no Rio Comprido com ginásios, sala de musculação e piscina. Logo em seu primeiro campeonato oficial, o time que contava com Bernard, Badalhoca e Bernardinho conquistou o título nacional. O sucesso levou à criação de uma equipe feminina, que carregava o mesmo nome vitorioso. Em conjunto com o também novato Supergasbras, apoiado por uma distribuidora de gás, o time passou a dominar o pódio entre 1983 e 1986, destronando as atletas do Flamengo e do Fluminense, que até então se revezavam no topo. Seguiu-se uma avalanche de novas equipes pelo país inteiro, notadamente em São Paulo e Minas Gerais, financiadas pelos recursos de corporações interessadas em ganhar visibilidade entre os torcedores. Em meio a tamanha concorrência, os quadros cariocas acabaram sucumbindo ao poder financeiro. “As empresas perceberam a força do modelo, com o envolvimento passional das pessoas com as marcas, e o Rio foi ficando para trás”, lamenta Bernard.

Elogiado por desenvolver o esporte no país, o sistema de equipes desvinculadas de clubes tradicionais traz consigo alguns problemas. O campeão masculino, por exemplo, corre o risco de simplesmente deixar de existir a partir do próximo mês, quando o contrato de todos os jogadores e da comissão técnica se encerra. Afinal, o patrocinador, a OGX, do empresário Eike Batista, passa por uma severa crise e deve cortar quase pela metade a verba que destina ao vôlei. A equipe busca novas fontes de renda, mas já sabe que dificilmente manterá todas as estrelas. Há ainda a recusa da Rede Globo em usar o nome dos times ? tanto o RJX quanto o Unilever são chamados de Rio de Janeiro nas transmissões ?, o que só dificulta as coisas. “É um dilema sem solução. O esporte profissional precisa das empresas, mas quando aceita isso fica sujeito às regras de mercado. Os times da NBA e da NFL, nos Estados Unidos, vivem sendo vendidos, mudando de cidade, de símbolo. É terrível, mas são as ligas mais ricas do mundo”, afirma Fernando Ferreira, diretor da Pluri Consultoria, empresa especializada em gestão esportiva.

Alheio a crises econômicas, o torcedor é só entusiasmo com seus campeões. Os jogos de Unilever e RJX no Maracanãzinho costumam ter lotação máxima, e não raro o público ultrapassa o das partidas do Campeonato Carioca de Futebol. Para efeito de comparação, apenas quatro jogos do Vasco da Gama receberam um público maior que o das exibições dos sextetos até o título de 2013. Se dependesse da torcida do Rio, a hegemonia no vôlei duraria para sempre.

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