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Profissionais de saúde protestam em frente ao Hospital do Andaraí

Setor de emergência da unidade hospitalar está com atividades suspensas

Por Agência Brasil Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Redação VEJA RIO Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 13 jun 2017, 16h16 - Publicado em 13 jun 2017, 16h14

Profissionais de saúde do Hospital Federal do Andaraí (HFA) fizeram na manhã de hoje (13) um ato para denunciar falta de materiais, medicamentos e trabalhadores na unidade. Cerca de 50 pessoas participaram da manifestação na porta do hospital, na zona norte do Rio de Janeiro.

De acordo com o chefe do corpo clínico e diretor do setor de queimados do Hospital do Andaraí, Roberto Portes, as unidades de cardiologia e de pneumologia já foram fechadas por falta de profissionais. E a unidade de queimados, que é referência para todo o estado, também está correndo o risco de parar de atender a população.

“Tivemos três aposentadorias esse ano. Somos três estatutários somente, os outros 14 são médicos contratados temporários. Os contratos estão vencendo e não estão sendo revonados. Você demora anos para formar um profissional, ele é interno, residente, você treina, capacita isso e de repente eles não renovam os contratos. Pra você recomeçar é muito difícil,” disse.

Segundo Portes, há 10 anos não são feitos concursos públicos para contratar profissionais para a unidade. Ele informa que 28 chefes de setores pediram demissão dos cargos há 15 dias e decidiram retornar ao posto apenas quando os médicos demitidos voltarem e os leitos forem reabertos. Ele denuncia também que a emergência está fechada há uma semana, por causa de um incêndio.

“No último dia 7 teve um incêndio no setor de graves da emergência, por falta de manutenção. Extintores vencidos, falta de mangueiras. Tem uma brigada de incêndio, mas o material não existe. Não tem condições de ser liberada até que seja dado o laudo da defesa civil. A situação é muito precária, um hospital que tinha uma porta aberta, não está mais atendendo os setores de emergência. A situação a cada dia piora. Tem um cartaz da direção afixado na porta, orientando as pessoas a procurarem os Hospitais Souza Aguiar,  Salgado Filho e a Unidade de Pronto Atendimento da Tijuca”.

Portes alerta que outras clínicas correm o risco de fechar, como cirurgias torácica e cardíaca, bem como o tratamento oncológico está prejudicado. “Às vezes faltam 20 quimioterápicos. Os tumores recidivam, você opera uma mama com câncer e tem que fazer a quimioterapia depois. Faltam os medicamentos e os tumores recidivam na nossa cara e nós não podemos chegar para o doente e falar que não tem medicamento, são remédios caros, isso está acontecendo em toda a rede pública. Os pacientes com câncer estão fadados à morte.”

Para o presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj), Nelson Nahon, os hospitais federais do Rio de Janeiro estão sendo sucateados. “O tratamento dos pacientes está sendo atrasado, faltam médicos, medicamento,  e a aparelhagem está enguiçada, não só no Andaraí, mas no Cardoso Fontes,  Bonsucesso, em todos os hospitais federais. Estamos vivendo uma crise sem precedentes nos hospitais federais, um verdadeiro desmonte desses hospitais.”

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De acordo com ele, até o fim do ano todos os contratos temporários serão encerrados, sem renovação, o que vai deixar o atendimento ainda mais precário, já que entre 40% e 50% dos médicos e profissionais de saúde da rede federal no estado são temporários.

“Ele [o ministro da Saúde, Ricardo Barros] disse textualmente que não vai repor esses médicos e não vai fazer concurso para repor os estatutários que estão se aposentando. Então, efetivamente, se ele diminui o número de médicos, enfermeiros, farmacêuticos, e todos os profissionais, se está sucateado em termos de manutenção da rede hospitalar, se falta medicamento, se falta aparelhagem para os exames, como a tomografia de Bonsucesso, todos dois quebrados, é efetivamente um verdadeiro desmonte”.

Ministério da Saúde

Em nota, o Ministério da Saúde nega que tenha ocorrido incêndio no Hospital do Andaraí e informa que a emergência foi fechada por um problema elétrico. “Por precaução, o HFA aguarda laudo do Corpo de Bombeiros e do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia para atendimento integral na sua emergência, depois da verificação de defeito em tomadas do local”, informa o ministério.

O Departamento de Gestão Hospitalar (DGH)do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro nega também que haja falta de insumos e de pessoal na unidade. “Atualmente, o quadro funcional do HFA conta com 599 médicos e, embora este ano 28 profissionais tenham tido seus contratos temporários encerrados, a área assistencial da unidade recebeu o reforço de 17 novas contratações. O estoque de medicamentos, inclusive os oncológicos, de insumos e de materiais hospitalares está inteiramente abastecido.”

A nota diz também que no primeiro trimestre deste ano o hospital ampliou em 20% as consultas ambulatoriais e em 15% as cirurgias, na comparação com o mesmo período de 2016. “Pela localização do HFA, na Zona Norte do Rio de Janeiro, a população da área da Grande Tijuca e da Baixada Fluminense tem procurado intensamente essa unidade hospitalar ao não encontrar serviços mais próximos de onde vive. No entanto, o hospital busca garantir a manutenção das atividades sem prejuízo ao atendimento da população”.

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O DGH também informa que já iniciou a redefinição das unidades federais no Rio de Janeiro, com consultoria do Hospital Sírio-Libanês (SP), para “qualificar os serviços e tornar mais eficiente o atendimento”, além de redefinir os perfis assistenciais das unidades, “otimizando os serviços dentro de uma rede unificada”.

No mês passado, o ministro Ricardo Barros disse que o problema dos hospitais federais no Rio de Janeiro é a ineficiência na gestão, com sobra de pessoal em algumas unidades e falta em outras.

Setor de emergência está com atividades suspensas

Um cartaz preso na entrada do setor de emergência do HFA informa aos possíveis pacientes que a unidade está com as atividades suspensas temporariamente. O atendimento foi interrompido até que sejam emitidos laudos técnicos do Corpo de Bombeiros e do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ). caso. “O atendimento será restabelecido em breve, logo após a liberação dos órgão técnicos competentes”, informa. Para os cidadãos da região, o texto indica outras opções, como a UPA da Tijuca, os hospitais municipais Salgado Filho, no Méier; e o Souza Aguiar, no Centro da cidade.

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