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Museu de Arte Contemporânea de Niterói reabre nesta quinta (16)

Fechado desde fevereiro de 2015, o MAC passou por grandes reformas para retomar seus dias de glória

Por Renata Magalhães
Atualizado em 2 jun 2017, 12h05 - Publicado em 11 jun 2016, 01h00

Redesenhado por decreto em 1969, o brasão de Niterói segue as intrincadas regras da heráldica. Da coroa de dom Pedro II às flechas dos índios temiminós, cada detalhe estampado no tradicional escudo remete a algum grande momento da história local. Outro dos símbolos oficiais da cidade, consagrado por lei em 1990, a representação gráfica do Museu de Arte Contemporânea logo ofuscou seus antecessores — o brasão e a bandeira niteroienses. O prédio propriamente dito só foi inaugurado em setembro de 1996, mas não teve jeito. A construção com contornos de disco voador que, desenhada por Oscar Niemeyer (1907-2012), consumiu mais de 3 milhões de metros cúbicos de concreto e, mesmo assim, parece levitar sobre o Mirante de Boa Viagem, ganhou fama internacional como projeto arquitetônico único e cartão-postal incomparável. Perto de completar vinte anos, o mais famoso ponto turístico da cidade andou meio maltratado. Chegou ao ponto de baixar as portas, em fevereiro de 2015, quando entrou em obras. Após adiamentos, a reabertura foi anunciada para quinta (16).

No auge, o MAC recebia 150 000 visitantes por ano. Mesmo fechado, ainda atrai curiosos em busca de uma foto. A perspectiva, portanto, é que as reformas — bancadas com 6 milhões de reais da prefeitura de Niterói e 1 milhão  de reais do governo federal — devolvam ao espaço sua proeminência na cena cultural brasileira. O prazo inicial, de três meses, estendeu-se para quase um ano e meio. Havia muito a ser feito. Inativo desde 2015, o sistema de refrigeração foi renovado. A impermeabilização da cobertura, a recuperação da fachada e da longa rampa vermelha e a substituição de carpetes nas galerias são itens de uma longa lista de problemas resolvidos. A recepção ganhou espaço exclusivo para uma loja de suvenires, medida trivial, mas esquecida desde a inauguração. Projeto de Peter Gasper (1940-2014), profissional conceituado na área, o sistema de iluminação foi ampliado. Na parte externa, grades deram lugar a painéis de vidro que realçam a beleza da paisagem.

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Tudo pronto, veio o primeiro grande teste: o evento de lançamento da coleção 2017 da grife francesa Louis Vuitton. No último dia 28, passearam pelo MAC 700 pessoas, entre modelos, jornalistas e os atores Catherine Deneuve e Jaden Smith, novos integrantes no curioso rol das celebridades que já estiveram por lá (veja o quadro acima). A badalação rendeu ainda um cheque de 1,5 milhão de reais. “A dois meses dos Jogos Olímpicos, a atenção do mundo está voltada para o Rio, e foi um prazer dar as boas-vindas aos nossos convidados em um lugar com cultura muito bem representada pelo trabalho de Niemeyer”, elogia Michael Burke, CEO da marca, responsável por unir os dois lados da Ponte Presidente Costa e Silva em uma grande celebração de marketing. Passado o frisson do desfile, a programação será retomada com três atrações. Arte de Contar Histórias é uma mostra organizada sob a curadoria da norueguesa Selene Wendt; Da Escuta da Matéria aos Escombros do Ser, instalação sonora de Marcelo Armani, vai ocupar a área externa; e Ephemera: Diálogos Entre-­Vistas promete ser o prato principal.

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A coletiva, um passeio pela arte contemporânea brasileira através das obras de nomes como Aluísio Carvão, Rubens Gerchman, Lygia Clark e o recentemente falecido Tunga, é um recorte do acervo de mais de 1 200 trabalhos da coleção Sattamini, cedida em comodato ao Museu de Arte Contemporânea de Niterói desde antes da sua abertura. O dono desse tesouro, o empresário João Sattamini, que pedia melhorias no museu desde 2014 e ameaçou levar seu patrimônio para outras bandas, manifesta alívio e surpresa. “Está vendo? Quando eles querem, o dinheiro aparece”, desabafou, ao ser informado sobre a verba gasta no museu. “Não havia conservação do prédio, avisei duas vezes. Se não reabrissem eu não renovaria o contrato”, conta. Necessidade antiga, a expansão da reserva técnica ainda é um projeto em estudo. “Temos a previsão de um espaço em parceria com o Museu do Ingá (também em Niterói), mas é um orçamento pesado, vai ficar para o ano que vem”, explica Luiz Guilherme Vergara, diretor do MAC. Por enquanto, a boa-nova é a seguinte: o grandioso projeto de Oscar Niemeyer está de volta ao circuito. 

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