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Mr. Catra inspira livro sobre influência do funk na sociedade carioca

Antropóloga Mylene Mizrahi frequentou bailes e acompanhou o dia a dia do ícone funk para escrever sua tese de doutorado

Por Thaís Meinicke
Atualizado em 2 jun 2017, 12h57 - Publicado em 15 out 2014, 22h43

 

Depois de Valesca Popozuda ganhar destaque como tema do projeto de mestrado de uma estudante da UFF, é a vez do funkeiro Mr. Catra adentrar a Academia. Conhecido por uma obra repleta de frases despudoradas como “vai começar a putaria” e “mama me olhando”, o cantor foi a escolha da antropóloga Mylene Mizrahi como objeto de pesquisa para sua tese de doutorado. “Cheguei ao Mr. Catra inicialmente para problematizar as relações entre música funk e religião e, após cinco semanas acompanhando-o, propus a ele passar ao centro de minha pesquisa”, explica Mylene, que apresentou o trabalho no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IFCS-UFRJ).

Lançado na última terça (14), na Livraria da Travessa, em Ipanema, o livro A Estética Funk Carioca – Criação e Conectividade em Mr. Catra utiliza um dos ícones do funk carioca como objeto de pesquisa para explorar as influências do ritmo musical na sociedade carioca através de vários vieses, como comportamento, estilo, danças e roupas. Durante o processo, Catra revelou tanto pontos característicos a todos os artistas do estilo musical, quanto singularidades que o destacam como uma personalidade única neste meio. “Em alguns momentos vemos um Catra singular, único nessa cultura funk. Em outros, como exemplar do ritmo, compartilhando traços comuns a muitos outros artistas funk e ao próprio mundo que os contém”, explica a antropóloga. “Um exemplo é o elevado número de shows que ele faz em uma única noite, muito próprio ao funk e possibilitado pelo modo como essa música é produzida, dependendo essencialmente de apenas um laptop. De outro lado, a facilidade com que Mr. Catra mescla ritmos, passeando por entre MPB, samba, rock, dub, house, é bastante própria ao artista, ele mesmo fruto de um processo de socialização que se faz no trânsito entre a casa de seus pais no Alto da Boa Vista e o Morro do Borel”, conclui.

Ao longo de suas 316 páginas, o livro retrata Catra não só em shows e gravações, como também em seu dia a dia, com mulheres e os filhos. “Um dos traços mais surpreendentes dele e também de sua esposa Sílvia, é a capacidade de se replicar que se traduz na facilidade em que possuem de agregar novas pessoas em seu mundo, especialmente na figura de filhos. Para eles, os filhos podem ser os do casal, os de Catra com outras mulheres, os namorados de seus filhos biológicos, os irmãos de seus filhos biológicos, mas nascidos de outros pais ou ainda crianças e adolescentes acolhidos por não terem pais ou não terem família”, revela Mylene.

+ Com letras mais melódicas e tom mais romântico, o funk volta a reinar na noite carioca

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Mylene Mizrahi
Mylene Mizrahi ()

Confira abaixo algumas frases emblemáticas do funkeiro destacadas pela pesquisadora:

“De agora em diante é só cultura”

“O importante no Rio é ter estilo”

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 “É o beat que dita”

“Vem todo mundo”

“O funk é a válvula de escape para o ostracismo, para a prostituição, para o tráfico de drogas”

“Jesus era revolucionário”

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“Na maior diplomacia: sufocaram o proibidão mas liberaram a putaria”

“Criar é a coisa mais gostosa”

“Papo reto não é proibido”

“A humildade é a essência da vida”

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“É melhor você dançar conforme a música ou você fazer a música pra você dançar?”

“Vai começar a putaria”

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A estética funk carioca
A estética funk carioca ()
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A Estética Funk Carioca – Criação e Conectividade em Mr. Catra 

Valor: R$ 49.

Páginas: 316.

Editora: 7 Letras

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