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Golfe conquista mulheres cariocas

Swing, tacadas, estratégia e nada de musculação ou pilates. Mulheres do soçaite carioca são fisgadas pelo golfe, esporte que volta com força nos Jogos Olímpicos de 2016

Por Daniela Pessoa
Atualizado em 5 jun 2017, 14h39 - Publicado em 23 fev 2012, 15h56

Nascido na corte escocesa no século 15, o golfe era um esporte sofisticado em que as mulheres não tinham vez. A regra era clara: só os homens – bem afortunados – podiam jogar. Quando o jogo chegou ao Brasil no século 19, as esposas dos golfistas ganharam inclusive o apelido de “viúvas do golfe”, usado até hoje, pois perdiam o marido durante horas para o esporte. Afinal, cada partida dura cerca de quatro horas. E isso sem contar o chamado buraco 19, nome dado à confraternização entre os jogadores que acontece no bar de cada campo ao final da partida. Um verdadeiro clube do bolinha. Mas o esporte queridinho dos milionários está perdendo a sisudez e ganhando ares mais cor-de-rosa à medida que o sexo (nada) frágil toma os “tacos” da situação. Não custa lembrar, ainda, que os Jogos Olímpicos de 2016 no Rio vão voltar a incluir a modalidade, ausente do evento há 112 anos.

O golfe movimenta anualmente, nos Estados Unidos, uma quantia que gira em torno de 75 bilhões de dólares, segundo dados da National Golf Foundation. A golfista norte-americana Paula Creamer está entre as esportistas mais ricas do mundo, com uma fortuna estimada em seis milhões de dólares. O mercado no Brasil ainda é tímido – especula-se que o esporte movimente 50 milhões de dólares por ano. Muitos dos torneios têm sido disputados no Rio, como o HSBC LPGA Brasil Cup, o mais importante da América do Sul, e o Gillette Golf Cup – Campeonato Brasileiro de Golfe.

Dos 25 000 golfistas brasileiros, entre 15 e 20% são mulheres, segundo a Confederação Brasileira de Golfe (CBG). A estimativa não oficial é de que cerca de 400 joguem no Rio de Janeiro, em clubes tradicionais como Gávea Golf and Country Club e Itanhangá Golf Club, onde um título custa cerca de 100 000 reais. O golfe feminino nacional já produziu inclusive mais campeãs do que o masculino. Seja através do desempenho nos campos ou de eventos sociais que só elas sabem organizar, as lulus têm mostrado que também entendem do gramado. E garantem: o esporte não tem nada de chato, nem muito menos é um jogo só para coroas.

Mas, afinal, quem são essas Tiger Woods de saia que andam até seis quilômetros por partida e vibram ao embocar uma bolinha com o menor número possível de tacadas? Quatro mulheres do golfe carioca revelaram à Veja Rio o porquê da paixão pelo esporte de elite (clique aqui para ver quanto custa jogar golfe) e compartilharam histórias incríveis que viveram graças ao esporte: de viagens para resorts paradisíacos em países como Arábia Saudita até paqueras como a de um sheik que, em pleno campo de golfe, mandou convidar as jogadoras para o seu harém.

Arquivo pessoal
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Claudete Tourinho

A capitã de golfe feminino do Itanhangá Golf Club, ex-jogadora de tênis, começou a jogar quando conheceu o marido. Hoje, os filhos também praticam o esporte. “O golfe é mais bonito e desafiador. É um desafio a cada tacada”, garante. No jogo, ela explica que os maiores adversários são si próprio e o campo – cada um com suas particularidades de inclinação do solo, árvores, vento e outros obstáculos naturais. Para marcar pontos e vencer a partida é preciso aliar técnica e coordenação motora a estratégia. Mas não tem mistério: qualquer um, de qualquer idade, pode aprender a jogar. “Golfe é treino. Tem que praticar pelo menos duas vezes por semana”, afirma.

Maria de Biase

Ela faz musculação, mas garante que é só porque não tem escolha. Afinal, diversão de verdade é jogar golfe. “É um jogo bom para a cabeça, porque se usa muito o raciocínio. É por isso que é viciante”, destaca Maria. E o figurino ajuda a deixar a coisa toda mais interessante. “A moda do golfe é de shortinhos e sainhas, que deixam a gente mais bonita”, diverte-se. Mas o dress code é específico: as jogadoras só podem usar blusa polo com gola e manga, saia com short por baixo ou short que deixa à mostra apenas um palmo de coxa acima do joelho. Nada de exibicionismo.

Ainda que parcialmente encobertas, as pernocas brasileiras já fizeram sucesso em um campo de golfe em Bali. “Duas amigas foram cantadas por um sheik. O guarda-costas dele as convidou para conhecer a casa do patrão em Bahrein, com campo de golfe e tudo. Acho que queria recrutá-las para o harém”, ri Maria, que também começou a jogar para acompanhar o marido (um problema no joelho a tirou das quadras de tênis). “Como o golfe não exige muito esforço físico, me reencontrei no esporte”, conta. Ela joga às terças e quintas, que são os dias de torneio no Itanhangá Golf Club, e nos finais de semana. Adepta das viagens de golfe, seu último destino foi um campo em Trancoso, na Bahia.

Arquivo pessoal
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Xênia Goes

Alemã residente no Brasil há 20 anos e golfista há 15, ela comanda um time de quatro mulheres no Gávea Golf Club. A função do grupo, mais conhecido como “comadres do golfe”, é organizar as competições femininas do clube e entre clubes, promover almoços e eventos sociais no local, além de conseguir patrocínio para tudo isso. “É muito prazeroso organizar os torneios, almoços, e ver as pessoas felizes. Golfe é confraternização. Os homens ficam até com inveja do nosso clube da Luluzinha”, diverte-se Xênia.

Quando o patrocinador é dos gordos, tem até joia com quilate de respeito em jogo. “Às vezes você nem vai tão bem na partida, mas leva para casa um colar de ouro. Ganhei uma viagem para Dubai, com tudo pago, quando fui vencedora de um torneio em 1998”, conta a golfista, que já jogou hóquei na grama e tênis até descobrir o golfe com o ex-marido. Para Xênia, o esporte é a combinação perfeita entre diversão e boas caminhadas ao ar livre. “Mas não emagrece, viu? É como passear no shopping olhando vitrine”, avisa.

Anna Christina Willemsens

A ginecologista e obstetra gaúcha nasceu praticamente dentro do campo. Foi graças ao esporte, aliás, que conheceu o marido, também golfista. A lua de mel? Foi em um campo de golfe, é claro. A médica, que mora no Rio e joga no Gávea Golf Club, faz parte de um grupo de mulheres que segue a tradição familiar dos tacos. Os pais jogam até hoje, bem como o irmão e o filho, que frequentava os gramados ainda na barriga. “O golfe é um esporte muito bom para jovens e crianças, porque exige concentração, ajuda no raciocínio e ensina boas maneiras. É uma atividade com regras de etiqueta, que preza muito pela educação”, explica. Em campo, xingamentos rendem pontos a menos.

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Por ser um jogo muito elegante, Anna acredita que o golfe pode inclusive ser um diferencial no currículo. “Imagina marcar uma reunião de negócios com comitiva estrangeira em um campo? O golfe é um esporte que tem todo um lado de socialização. Isso sem contar que quem é de fora se encanta quando conhece um brasileiro que sabe jogar, porque no exterior trata-se de um esporte popular”, opina Anna. Hoje, a médica curte o golfe apenas como hobby nos fins de semana e nas férias, quando viaja para conhecer gramados mundo afora. Entre os que já visitou, ela destaca os resorts de Bali e o campo Fall Seasons, no Uruguai. Fica a dica.

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