Cores e formas brasileiras
Elementos da cultura popular inspiram as 55 obras de Este Norte, individual de Emmanuel Nassar
Depois de um passeio por museus da Europa, a faculdade de engenharia foi para o espaço. Ainda houve um momento de dúvida, quando o próprio autor, inseguro, destruía seus desenhos e pinturas, mas a carreira do paraense Emmanuel Nassar hoje já soma mais de três décadas. Sua bem-sucedida trajetória é condensada em 55 trabalhos na mostra Este Norte, inaugurada neste sábado (1º), no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica.
Em comum, as obras exibem cores vibrantes, um uso muito particular de formas geométricas e a influência da cultura popular. Foram reunidos na individual pinturas sobre suportes diversos, desenhos e fotografias produzidos desde 1988. Na seleção, o curador Felipe Scovino buscou ressaltar ainda peculiaridades da obra de Nassar, como o tom mais violento evocado por partes do corpo humano nos desenhos Mão (1990), Braço Armado (1988) e Justiça (1997). Outra característica do artista, a ironia marca presença em Mãodrian (1995), homenagem ao pintor holandês Piet Mondrian (1872-1944) construída com linhas tortas, uma tramela de arame e um prego amarrado. Elementos do universo popular, em especial o de sua terra natal, estão até no material usado. Com 2,70 metros de altura e 6,30 metros de largura, a instalação Chapado (2012), por exemplo, é uma pintura sobre 21 chapas metálicas provenientes, na maioria, de anúncios de rua abandonados. O mesmo suporte é usado em Fragmentos (2012), uma bandeira do Brasil desconstruída. Nas fotos que completam o acervo prevalece a estética da gambiarra: detalhes de casas humildes são enquadrados em inspiradas composições.
Emmanuel Nassar. Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica. Rua Luís de Camões, 68, Centro, ☎ 2232-4213 e 2242-1012. Terça a sexta, 11h às 18h; sábado, domingo e feriados, 11h às 17h. Grátis. Até 3 de fevereiro.