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Toque de vida real

Complexo que reunirá as delegacias especiais do Rio, a Cidade da Polícia investe em centro de treinamento high-tech

Por Carolina Barbosa
Atualizado em 5 dez 2016, 14h22 - Publicado em 3 jul 2013, 19h22

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inauguração oficial está marcada para setembro, mas a movimentação na Cidade da Polícia já é visível. Após quase três anos de obras, o complexo no Jacaré que irá concentrar as delegacias especializadas do Rio assiste à chegada de seus primeiros ocupantes. Na semana passada, um grupo de alunos do Curso de Operações Táticas Especiais (Cote) se exercitava nas instalações de treinamento, sem dúvida a área do conjunto que mais chama atenção. Enquanto praticavam no estande de tiro, outros policiais escalavam barracos e corriam por vielas de uma favela cenográfica, construída com o objetivo de aprimorar as ações nesse tipo de território. Erguida em um galpão de 700 metros quadrados, ela é composta de quarenta casebres de alvenaria, dispostos de forma irregular. Em meio a um labirinto cheio de degraus, corredores estreitos e becos sem saída, os policiais tinham de superar as dificuldades frequentes em tais operações. Para tornar o ambiente o mais real possível, foram consultados agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), o grupamento de elite da Polícia Civil que está habituado a realizar incursões nos morros. ?Tudo foi feito com base nas experiências dessa turma?, revela o inspetor Wagner Franco, chefe do setor de projetos e logística da Core.

O treinamento parece um jogo de polícia e ladrão, em que um grupo persegue o outro até sua rendição. Divididos em turmas de oito componentes, os policiais simulam o resgate de um refém numa laje. Eles são orientados por um instrutor, postado estrategicamente numa passarela sobre os casebres, com visão privilegiada de toda a movimentação. Por ora, todos usam arma de paintball, mas no futuro devem trocá-la por um equipamento com a mesma munição, porém mais pesado. Trata-se de um avanço significativo na preparação, que era feita de improviso em instalações do Exército ou em regiões pacificadas. ?Aqui a gente consegue trabalhar os detalhes, o que nos dá segurança na hora de agir?, afirma o inspetor Felipe Barreto, que participou das ocupações do Complexo do Alemão, em 2010, e da Rocinha, no ano seguinte. Na área de treinamento há ainda um estande e um recinto batizado de casa de tiro, ambos dotados de alta tecnologia (veja os quadros). O primeiro é dividido em onze baias, cada uma delas provida de um alvo que pode fazer giros completos e se movimentar a até 30 metros de distância. Tudo controlado eletronicamente pelo atirador, que assim pode aperfeiçoar os reflexos e a pontaria. Já o outro espaço tem onze cômodos, nos quais podem ser colocados obstáculos a fim de simular ações em ambiente fechado.

À primeira vista pode parecer despropositada a construção de uma favela cenográfica para treinar integrantes da Polícia Civil, corporação mais voltada para a investigação do que para o enfrentamento. Na verdade, ela faz parte de uma série de medidas com vistas ao aprimoramento das forças coercitivas fluminenses. Nelas se incluem a terceirização da frota e o investimento na qualificação profissional. ?Durante as incursões, o agente está sujeito a se envolver num confronto a qualquer momento?, diz o subchefe administrativo da Polícia Civil, Sérgio Caldas. ?O treinamento é fundamental para diminuir os riscos.? A malsucedida operação policial realizada na última segunda-feira (24) na favela Nova Holanda, que resultou na morte de dez pessoas ? uma delas um sargento do Bope ?, deu a dimensão do enorme desafio na área de segurança pública e deixou claro que ainda há um longo caminho para consolidar a pacificação.

Situada no cruzamento das avenidas dos Democráticos e Dom Hélder Câmara, onde funcionou uma fábrica da Souza Cruz, a Cidade da Polícia custou 160 milhões de reais. Ela se espalha por um terreno de 66?000 metros quadrados, com pouco menos da metade de área construída. Ali serão acomodadas catorze delegacias especializadas, entre elas a do Consumidor e a de Roubos e Furtos. Apenas algumas delegacias em pontos-chave, como a de Apoio ao Turista, no Leblon, não serão transferidas. Há um mês, 220 funcionários do Departamento Geral de Tecnologia da Informação e Telecomunicações foram os pioneiros a se mudar para lá. Além dos gabinetes e da área de treinamento, o complexo terá auditório, restaurante, quadra esportiva e heliponto. ?Por estarem reunidos, os setores terão maior integração, facilitando o trabalho de investigação?, afirma a chefe da Polícia Civil, Martha Rocha. ?A sociedade só tem a ganhar.?

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