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O americano que será o síndico dos Jogos de 2016

Christopher Crowley tem pela frente a desafiadora missão de gerenciar mais de 200 instalações, entre arenas, estádios e piscinas

Por Caio Barretto Briso
Atualizado em 5 jun 2017, 14h11 - Publicado em 6 fev 2013, 17h26
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Organizar uma Olimpíada é uma prova de esforço como poucas. Sem espaço para erros, seus responsáveis precisam pôr em operação uma complexa engrenagem que abrange milhares de pessoas e dezenas de competições simultâneas. Trata-se de um desafio não só pela dimensão do evento, mas também por ser uma novidade para o país, que vai sediar pela primeira vez a principal disputa esportiva do planeta. Em busca de profissionais experientes no ramo, que se contam nos dedos, o Comitê Organizador Rio 2016 foi ao mercado internacional e contratou recentemente o americano Christopher Crowley. Com passagem pelos Jogos de Inverno de Salt Lake City, em 2002, nos Estados Unidos, e de Vancouver, em 2010, no Canadá, ele agora tem como principal atribuição gerenciar as mais de 200 instalações que farão parte da edição carioca. São arenas, estádios, campos, raias, quadras e pistas já prontos ou que serão construídos, além da vila dos atletas, onde ficarão hospedados os competidores, do centro de mídia e dos demais complexos à disposição dos participantes para seus treinamentos. Síndico desse imenso condomínio, Crowley estará encarregado de planejar e integrar o trabalho de cada uma das equipes responsáveis pelos equipamentos, tarefa que envolve profissionais de mais de sessenta áreas, entre elas tecnologia, segurança, comunicação, comercial, cerimonial, limpeza e infraestrutura. “Estamos trabalhando doze horas por dia, sob muita pressão. Temos apenas uma chance de acertar”, diz o californiano de 47 anos.

O setor no qual Crowley se tornou especialista ficou conhecido como venue management, que por aqui ganhou a tradução de gerência de instalações. Ainda incipiente no Brasil, a atividade lá fora é abrangente e compreende a administração de praças esportivas, auditórios, teatros, universidades e centros de convenções. Embora estejamos a três anos e meio da festa de abertura, marcada para 5 de agosto de 2016, Crowley não tem tempo para outro assunto que não seja a competição. Na semana passada, acompanhou uma equipe técnica do Comitê Olímpico Internacional (COI), que veio ver de perto a evolução das obras. Esta temporada, por sinal, é uma fase crucial para o planejamento e a montagem dos grupos que vão gerenciar os espaços de competição. Já em abril terá início uma etapa importante do cronograma, quando a Arena HSBC, na Barra, será usada como teste para a definição do modelo a ser adotado em todos os equipamentos olímpicos ? do campo de golfe, na Reserva de Marapendi, ao estande de tiro, em Deodoro, passando pela Lagoa, Marina da Glória e Praia de Copacabana, palcos das provas aquáticas. Até dezembro, o time de apoio a Crowley deve reunir dezenove profissionais de diversas nacionalidades. Em 2014, com a contratação dos gerentes de cada complexo, o trabalho de integração se intensificará. Nada, entretanto, que se compare à tensão prevista para o ano seguinte, considerado o mais perigoso, pois será a hora de testar todas as arenas, com a realização de exercícios simulados para checar se a operação precisa de ajustes. “O trabalho dele só tende a aumentar, passando pelo estágio crítico de 2015, com a entrega das obras, e chegando ao ápice às vésperas da Olimpíada”, afirma Leonardo Gryner, diretor-geral de operações do Comitê Rio 2016.

Condição imposta pelos organizadores a quem ocupa o cargo de diretor de instalações, o americano teve de se mudar para o Rio no fim do ano passado. A adaptação tem sido bem tranquila. Sua boa noção de espanhol facilita o aprendizado do português. Ele, a mulher e os dois filhos ? Jackson, 9 anos, e Tess, 6 ? estão tendo aulas do idioma. “Os meninos vêm aprendendo mais rápido que eu”, admite. Enquanto procura apartamento (a Olimpíada, todos sabem, contribuiu para jogar na estratosfera o preço dos imóveis), a família mora em um hotel em Ipanema. Coincidentemente, um episódio marcante liga o casal à cidade: foi o destino que eles escolheram para passar a lua de mel, em 2001. Já integrados ao jeito de ser dos cariocas, Crowley e família costumam ir à praia nos fins de semana de sol. “Péssimo” competidor de atletismo na juventude, na definição do próprio, ele está aproveitando a vivência carioca para adotar os esportes aquáticos. Pratica natação no mar e planeja fazer aulas de kitesurf quando houver brecha na agenda. Há pouco, embarcou para a Rússia, onde foi acompanhar durante uma semana a preparação dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2014, que serão realizados na cidade de Sochi, nas proximidades do Cáucaso e do Mar Negro. “Embora eu tenha casa nas montanhas de Utah, já estou me tornando carioca. Vou passar frio nessa viagem”, brinca ele. Crowley se diz consciente da missão que o espera até que a pira olímpica carioca seja apagada, mas está plenamente otimista em cruzar com sobras a linha de chegada. “Este é, sem dúvida, o maior desafio da minha carreira”, resume. “Tenho certeza de que faremos os Jogos mais memoráveis da história.” Assim seja.

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