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Cervejarias de Petrópolis e Teresópolis abrem suas portas para receber turistas e apreciadores da bebida em meio ao friozinho das montanhas

Por Rafael Sento Sé
Atualizado em 5 dez 2016, 15h58 - Publicado em 14 out 2011, 18h28

inspirada nas aldeias do sul da Alemanha, uma minúscula vila formada por igreja, praça, lojinhas e restaurantes recebe os últimos retoques numa área próxima do centro de Teresópolis, a 80 quilômetros do Rio. Ali, operários correm contra o tempo para que tudo esteja pronto até o dia 15 de novembro. Essa é a data em que deve entrar em funcionamento um complexo de 2?000 metros quadrados batizado de St. Gallen, referência à marca de cerveja produzida na cidade serrana. No espaço, o visitante encontrará loja de café gourmet Nespresso, sorveteria da grife carioca Mil Frutas, tenda de queijos de cabra feitos na Cremerie Geneve e outra com os produtos orgânicos da fazenda do ator Marcos Palmeira.

Nos fins de semana, feiras de artesanato e de antiguidades tomarão as vielinhas. A grande atração, no entanto, ficará em um armazém de tijolo aparente. Trata-se de uma minicervejaria onde os visitantes poderão acompanhar todos os detalhes da produção. ?A ideia é criar um lugar com clima permanente de Oktoberfest, a grande festa de Munique?, anima-se o gerente-geral Vinicius Claussen, bisneto do fundador da Therezópolis, empresa de bebidas responsável pelo empreendimento.

Concebida com impressionante realismo, a pequena vila cenográfica faz parte de um movimento que procura atrair os amantes de cerveja para a região montanhosa do estado. São apreciadores que, em número crescente, se interessam pelas variedades do produto e por ver de perto sua fabricação. Dentro desse espírito, a Itaipava abriu há três semanas as portas de sua unidade à visitação pública (veja o quadro), uma excursão com direito a chopinho gelado no meio dos tanques de estocagem. Ali é possível conhecer uma indústria de grande escala, com vazão de 62?000 garrafas por hora, transportadas em velozes esteiras.

Por questão de segurança, os passeios guiados acontecem em passarelas suspensas das quais se tem uma visão geral da fábrica. Municiado com amplificador de voz na lapela, um guia transmite informações aos participantes em seus fones de ouvido. Do lado de fora, é possível constatar o ir e vir de caminhões, que não param nem mesmo à noite, pois a linha funciona 24 horas ininterruptas.

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Assim como seus concorrentes, o gigante AmBev, líder absoluto do setor, segue a tendência e deve inaugurar até dezembro uma espécie de parque temático na antiga fábrica da Bohemia, uma de suas marcas. Produzida desde 1853 e detentora do título de cerveja mais antiga à venda no Brasil, a bebida, que já abasteceu a despensa do palácio imperial durante o reinado de dom Pedro II, será transformada em principal atração de um centro de entretenimento nos arredores de Petrópolis. Recém-saído das linhas de produção, o líquido fermentado poderá ser degustado em diversas variedades, a exemplo da weiss (feita de trigo) e da confraria (que remete às receitas dos mosteiros medievais).

O ponto alto será a sala da brassagem, considerada o coração de uma cervejaria. Em quatro caldeiras de cobre, originais do século XIX, o visitante mais curioso testemunhará etapas da elaboração da bebida, como a conversão do amido do malte em mosto, a adição de lúpulo e o cozimento da mistura. Em alguns desses processos, será convidado a participar da experiência. ?Não queremos que a instalação seja vista apenas como um museu?, resume a executiva Stella Brant, uma das responsáveis pelo projeto. A expectativa da multinacional é gastar até a inauguração do complexo, prevista para dezembro, cerca de 40 milhões de reais na empreitada.

Com a abertura de suas fábricas para turistas e curiosos em geral, as cervejarias desbravam um território já explorado com sucesso por suas congêneres internacionais. Na disputa por um mercado em contínua evolução, com um número cada vez mais amplo de opções (apenas na Bélgica são mais de 2?000 variedades), as marcas utilizam tal expediente para reforçar seus laços com os consumidores. O quartel-general da Heineken, em Amsterdã, virou ponto de peregrinação para turistas do mundo todo com seu visual arrojado e alta tecnologia, a exemplo de um cinema em 4D.

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Na Irlanda, a sede da Guinness recebe cerca de 1 milhão de pessoas por ano e, surpreendentemente, ganhou o título de atração turística mais visitada daquele país. Encravado no centro de Dublin, a capital irlandesa, o prédio tipicamente vitoriano foi franqueado ao público há onze anos. Sua estrutura é praticamente original, embora com uma diferença importante: a 46 metros de altura, foi construído um bar de vidro do qual se descortina uma bela panorâmica da cidade. Ao todo, são sete andares e diferentes tipos de roteiro. Em um deles, os convivas recebem uma aula de história sobre a empresa, fundada há 200 anos.

Abastecida por fontes de água pura, essencial para o processo de fabricação da bebida, a Região Serrana é considerada o berço da indústria cervejeira no país. Antes que as primeiras fábricas fossem inauguradas ali, em meados do século XIX, houve iniciativas isoladas de estabelecer a atividade em outras paragens, nenhuma delas bem-sucedida. No século XVII, os holandeses que invadiram Pernambuco chegaram a importar cerveja, mas a empreitada acabou abortada com sua expulsão pelos portugueses. Com a vinda da família real, em 1808, negociantes ingleses beneficiados pela abertura dos portos também trouxeram cerveja de seu país, que foi substituída por similares nacionais apenas na segunda metade do século. Trata-se de uma história fascinante que começa a ser revelada ? e saboreada ? no friozinho das montanhas.

Visitantes no bar da fábrica da Itaipava: degustação ao

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lado dos tonéis

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