Cardeal dom Orani Tempesta é assaltado novamente
Religioso prega que só a educação é capaz de reverter a violência da cidade
Era um gesto normal, próprio de padres quando rezam missa, de levar a mão à cabeça. No entanto, por sugerir preocupação, ganhou em simbolismo, estampando páginas de jornal e sites na internet. Deu-se na segunda (6), no Outeiro da Glória, e o personagem da foto é o cardeal dom Orani Tempesta. Ele havia sido vítima de um assalto, na noite da véspera, no bairro de Quintino, Zona Norte. Quatro criminosos bloquearam a passagem do carro em que se encontrava o arcebispo do Rio, de volta de uma celebração ao lado de um casal de amigos estrangeiros. Os bandidos ameaçaram o grupo, levaram o veículo e roubaram pertences dos passageiros, entre eles um crucifixo que dom Orani ganhara do papa João Paulo II. Horas mais tarde o automóvel seria achado, a 10 quilômetros dali. A violência parece não poupar nem o principal nome da Igreja Católica da cidade. Em setembro de 2014, ele já havia passado por algo semelhante: teve seu carro interceptado por marginais numa das ladeiras de Santa Teresa. Na ocasião, o bandido o reconheceu e chegou a pedir desculpa. Roubaram-se cordões, celulares, canetas, mas o carro ficou. Desta vez a abordagem foi curta e grossa, num episódio mais bruto: o motorista, inclusive, foi obrigado a permanecer no automóvel e dispensado minutos depois. Apesar do susto, o arcebispo manteve a calma, tanto durante o assalto como no dia seguinte. Em entrevista, referindo-se aos assaltantes, que pareciam muito jovens, ele disse: “Se forem para a prisão, vão acabar fazendo uma pós-graduação em crime. Precisamos recuperá-los através da educação”.