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O Big Brother da PM

Implantado recentemente, o sistema de monitoramento de câmeras nas viaturas serve para supervisionar - e tornar mais eficiente - o trabalho do policial

Por Ernesto Neves
Atualizado em 5 dez 2016, 14h48 - Publicado em 3 abr 2013, 20h42

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A vigilância contínua é a melhor profilaxia contra qualquer tipo de desvio. Sob essa orientação, a Secretaria de Segurança anuncia uma nova iniciativa que reforça seu arsenal de medidas para conter a violência no Rio. Desde a segunda semana de março, 100 carros do 7° Batalhão de Polícia Militar (São Gonçalo) e do 12° (Niterói) realizam o patrulhamento das ruas com a ajuda de filmadoras. Cada veículo conta com duas câmeras que captam imagens do que ocorre dentro e fora do carro. Os registros, por sua vez, são transmitidos em tempo real para determinadas centrais, permitindo que esses homens da lei tenham sua atuação fiscalizada durante toda a jornada de trabalho (veja o quadro). Ao custo de 18 milhões de reais, o sistema de monitoramento deve estar concluído até o fim de 2013, quando todas as 2?000 viaturas dos 28 batalhões da região metropolitana estarão conectados a esse autêntico Big Brother da segurança pública, segundo promessa das autoridades. “É um instrumento que vai tornar a PM mais transparente”, afirma Edval Novaes, subsecretário de modernização tecnológica da Secretaria de Segurança. “Vamos poder esclarecer dúvidas em operações, bem como utilizar as imagens para corrigir condutas erradas.”

O investimento na modernização da polícia carioca faz parte da preparação para os grandes eventos que vamos receber até 2016. No dia a dia operacional, as viaturas são uma ferramenta crucial para o policial exercer a contento sua função. Uma das primeiras medidas tomadas pelo secretário de Segurança José Mariano Beltrame, em 2007, foi exatamente terceirizar a frota da PM fluminense, à época um cacareco, com carros cheios de remendos ou parados, à espera de conserto. Na sequência de melhoramentos, tempos depois os veículos foram dotados de computador de bordo conectado à internet, que permite fazer consulta ao Detran e relatar ocorrências rapidamente. Além de possibilitarem uma atuação mais eficiente, tais medidas têm tudo para surtir efeito no comportamento dos agentes de segurança que atuam nas ruas. “Como a incidência de corrupção persiste, é interessante que autoridades adotem medidas para supervisionar os policiais, a fim de coibir práticas reprováveis”, destaca João Trajano, pesquisador do Laboratório de Análise da Violência da Universidade Estadual do Rio (Uerj). “Mas o alcance dessa medida de agora é limitado. É necessário investir em metas como a qualificação dos soldados”, pondera.

Tal qual se observa por aqui, a corporação da cidade de Los Angeles ficou conhecida pelos casos de desvio de conduta e abuso da força. A crise de confiança atingiu o ápice em 1991, quando policiais foram filmados espancando o taxista negro Rodney King. As imagens correram o mundo e protestos violentos paralisaram durante alguns dias a capital mundial do cinema, ocasionando a morte de 53 pessoas e prejuízos da ordem de 1 bilhão de dólares. O grave incidente motivou a instalação de filmadoras em todas as patrulhas locais. Há três anos, o sistema foi aprimorado para que as lentes pudessem escanear a placa dos carros. Em três anos, 3,5 milhões de veículos tiveram sua licença checada pelo dispositivo. Outra metrópole americana de passado conturbado, Nova York derrubou a estatística de roubo de automóveis desde que adotou a mesma iniciativa. Lá, a perseverança em políticas de segurança, com o investimento constante em tecnologia, mostrou-se uma arma eficaz no combate ao crime. Hoje, é possível andar tranquilo pela cidade americana a qualquer hora. Ao exercer controle sobre a ação policial, o sistema de monitoramento de câmeras da PM fluminense renova as esperanças da população de se sentir mais segura. Afinal, tem muita gente de olho.

(ilustração Gil Tokio/Pingado, design Paula Fabris)

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