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99 anos do Bondinho do Pão de Açúcar

O bondinho celebra 99 anos nesta quinta (27). Para celebrar o quase centenário do teleférico, resgatamos algumas passagens marcantes de sua história

Por Louise Peres
Atualizado em 5 jun 2017, 14h47 - Publicado em 26 out 2011, 16h50

Durante quatro séculos considerado inacessível, o Pão de Açúcar não seria o mesmo para os cariocas não fosse o bondinho que, desde 1912, nos transporta até lá. Nesta quinta (27), o teleférico mais famoso do Brasil completa 99 anos de funcionamento. Para marcar o aniversário do sistema que há quase cem anos permite que turistas e cariocas desfrutem de uma das vistas mais belas da cidade maravilhosa, selecionamos fatos e momentos curiosos da história deste elo entre o Morro da Urca, o Pão de Açúcar e o povo do Rio. As informações são do livro Bondinho do Pão de Açúcar, extraídas de textos de Pedro de Castro da Cunha e Menezes, Telma Lasmar e Leo Jaime.

PÃO DE QUÊ?

O nome Pão de Açúcar veio da semelhança entre a imensa pedra de granito na entrada da Baía de Guanabara e os vasos utilizados para transportar açúcar da Ilha da Madeira até a Europa, no século XVI. Com o formato parecido com o dos sinos de igreja (uma espécie de cone), os recipientes eram conhecidos como pães de açúcar. O Padre José de Anchieta, que em meados do século XV foi um dos primeiros europeus a ver o Pão de Açúcar, apontou: “Ao entrar na barra tem uma pedra mui larga ao modo de um pão de assucar e assim se chama e de mais 100 braças em alto que é cousa admirável.”

BERÇO DO RIO

A proximidade da entrada da Baía e a posição do Pão de Açúcar, assim como do Morro da Urca, favoreceram o uso daquela área como posto de proteção de ataques inimigos. Essa condição levou Estácio de Sá a escolher, em 1565, a região para fundar a Cidade do Rio de Janeiro.

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NO COMEÇO

A construção das estações e a instalação do teleférico começaram em 1909 e duraram cerca de três anos. Nesse período foram levadas para o alto dos Morros da Urca e Pão de Açúcar cerca de 4.000 toneladas de equipamentos mecânicos e elétricos e materiais de construção. No Morro da Urca, no centro do eixo entre a estação do solo e a do Pão de Açúcar, foi instalada uma oficina onde os operários faziam toda a manutenção das cabines e do sistema de operação. Os bondinhos originais chegaram prontos da Alemanha, e com o passar do tempo foram substituídos por novas cabines, fabricadas pelo próprio pessoal da Companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcar.

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A PRIMEIRA VIAGEM E 449 SORTUDOS

O primeiro trecho do bondinho, com extensão de 528 metros, que liga a Praia Vermelha ao Morro da Urca, foi inaugurado em 27 de outubro de 1912. Naquele dia, ele operou em sua capacidade máxima e transportou 577 passageiros. O segundo trecho, entre o Morro da Urca e o Pão de Açúcar, veio logo depois, em 18 de janeiro de 1913, para totalizar 750 metros de percurso. Naquela data 449 passageiros privilegiados puderam subir até o cume do morro que era o símbolo maior da cidade maravilhosa.

BONDE NAS ALTURAS

Após a inauguração, os cariocas apelidaram o teleférico de “bondinho” do Pão de Açúcar devido à semelhança de cor e formato entre os carros aéreos e os veículos que circulavam pelos trilhos da cidade. O nome pegou e virou referência: ninguém sobe ao Pão de Açúcar senão a bordo dos “bondes”.

NA LANTERNA

No início do século XX, as condições de funcionamento do bondinho eram bem diferentes das que existem hoje. “Na época do bondinho antigo não havia transformador nem gerador. À noite o sinal era dado com uma lanterna. Se houvesse nevoeiro, não era possível ver o sinal nem o bonde. Se facilitasse, o bondinho batia. O sinal era uma bola de madeira amarrada no cabo; quando aquele sinal ia chegando lá, a gente tinha que ir parando o bonde, tudo na mão, no controle. Era igual ao bonde da rua, igualzinho”, relatou o servente Américo da Silva.

NOVA GERAÇÃO

Em 1970, foi lançada a pedra fundamental das obras de modernização das estações e dos bondinhos, orçadas em 2 milhões de dólares. Sessenta anos depois da abertura do serviço, foi inaugurado o novo sistema, com modelos de cabine modernos, com formato de bolha fabricada com o acrílico plexi glass e estrutura de duralumínio, na época exclusivos do Rio.

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CENÁRIO DE FILME

Os novos bondinhos alçaram o teleférico, que já estampava pôsteres turísticos e anúncios publicitários, a Hollywood. “Em 1979, (o bondinho) contracenou com Roger Moore no filme 007 Contra o Foguete da Morte (Moonracker). Na fita, James Bond, dependurado nos cabos de sustentação do bondinho, travou batalha de titãs contra o vilão ?Dentes de Aço?.”

PALCO A CÉU ABERTO

A partir da década de 70, o Morro da Urca ferveu com shows, bailes de carnaval e noites de Réveillon, recebeu a discoteca Dancing Days e a série Noites Cariocas, ambas empreitadas de Nelson Motta – esta última reeditada, nos verões de 2004 a 2007, pelos empresários Alexandre Accioly e Luiz Calainho. Nas noites de sexta e sábado, três mil pessoas usavam o bondinho para curtir a noite sob o céu estrelado, na maior pista de dança a céu aberto do Rio.

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A PRIMEIRA VEZ DE CAZUZA

Nos anos 80 o lugar se tornou um palco aberto a artistas emergentes, uma grande janela para músicos em início de carreira. Em uma destas noites, aliás, um jovem que viria se tornar um grande artista fez sua estreia no palco do Morro. Leo Jaime relembra: “No primeiro show da Gang 90 no Morro da Urca (trazendo Lobão na bateria), uma outra banda iniciante, sem disco gravado, foi convidada para a abertura: João Penca e Seus Miquinhos Amestrados. Um dos cantores dos Miquinhos não pode ir nesta noite, e um amigo foi convidado para substituí-lo. O nome era Cazuza, e essa foi a primeira vez em que ele, que tentava a carreira de ator, subiria num palco para se apresentar com uma banda de rock”.

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