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Rir até chorar

Sou difícil de rir. Gargalhar então, nossa! Nem me lembro da última vez! Meus amigos se queixam, minha família reclama. E deles já ouvi algumas queixas: ­— Você vive emburrado. ­— Sorria pelo menos, nem que seja por delicadeza. ­— Só você não riu! Fiquei até sem jeito, disse minha mulher um dia. O Ronaldo […]

Por Daniela Pessoa Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 25 fev 2017, 17h16 - Publicado em 3 dez 2016, 17h41

LÉO MARTINS

Sou difícil de rir. Gargalhar então, nossa! Nem me lembro da última vez! Meus amigos se queixam, minha família reclama. E deles já ouvi algumas queixas:

­— Você vive emburrado.

­— Sorria pelo menos, nem que seja por delicadeza.

­— Só você não riu!

Fiquei até sem jeito, disse minha mulher um dia. O Ronaldo contou uma piada tão engraçada sobre a atual crise política, e você não esboçou um sorriso.

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Achei interessante, rebati, mas nada que me levasse a dar uma gargalhada. E depois, a crise está se revelando tão profunda que tenho mesmo é vontade de chorar.

Mas tudo que nos faz chorar pode também nos fazer rir, filosofou Carla, a ex e ao mesmo tempo futura mulher do Gabriel, já que desataram e reataram os laços do amor, sempre afirmando: “Agora é mesmo para valer!”

Raul achou-se na obrigação de sacar a sua frase de efeito: “Um dia sem rir é um dia perdido!”

Acreditem em mim: não sou emburrado, só não tenho o riso fácil. E mais uma vez lembrei do poema de Fernando Pessoa (Alberto Caeiro):

“Li hoje quase duas páginas dum poeta místico e ri como quem tem chorado muito”.

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Já me falaram dos benefícios do riso. De como faz bem uma boa risada. Dessas ruidosas, que nos levam a lacrimejar e provocam tosse e engasgo nos velhos. O que acontece é que estar bem e demonstrar esse estado de espírito a todo instante exige sorriso permanente nos lábios e pelo menos uma boa risada por dia. No mínimo. É uma taxa alta a se pagar! E para provar o quê? Que todo mundo está mal, menos nós?

Também não rio com facilidade com comédias de teatro e cinema. Me entristece ver um ator sozinho num palco, esforçando-se para fazer as pessoas rir.

E, apesar de tudo isso, não me acho — repito — emburrado.

Sou apenas uma pessoa que ri pouco. Simples assim. Para encerrar, uma reflexão de um admirável comediante que sabia fazer rir e chorar sem perder a compostura. Sem perder-se no exagerado esforço de agradar a qualquer custo:

“Os atores de hoje tentam evitar comédias porque se uma comédia não é um sucesso, essa falta de sucesso salta imediatamente à vista quando a audiência não ri. Por isso as comédias são um grande risco”. Cary Grant (1904-1986)

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