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Um panorama da música clássica
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A batalha entre o Carnaval e a ópera, sem Breugel

Primeiro, foi o “pré-Carnaval”. E houve quem dissesse que era o mesmo que fazer um aquecimento para Hiroshima. Depois, o próprio reinado de Momo. E os foliões se esbaldaram e o Rio de Janeiro realmente reluziu com esse Carnaval de rua, dos blocos, que, goste-se ou não, é uma das melhores ‘novidades’ da festa nessa […]

Por fernanda
Atualizado em 25 fev 2017, 17h38 - Publicado em 17 fev 2016, 13h42

bruegelcarnival

Primeiro, foi o “pré-Carnaval”. E houve quem dissesse que era o mesmo que fazer um aquecimento para Hiroshima.

Depois, o próprio reinado de Momo. E os foliões se esbaldaram e o Rio de Janeiro realmente reluziu com esse Carnaval de rua, dos blocos, que, goste-se ou não, é uma das melhores ‘novidades’ da festa nessa última década.

Finalmente, veio a quarta-feira de cinzas mas mesmo esta ainda cuspiu confete até o domingo, com bandas de um tal “pós-carnaval”.

Ao final de tudo, quando o ano de 2016 começou nesse país tropical na última segunda-feira, um noticiário anunciava: “faltam 380 dias para o (próximo) Carnaval.” Celebrai ou tremei, de acordo com o seu gosto, leitor. O fato é que há gente que já planeja a fantasia do ano que vem — ou as fantasias…

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A verdade é que da mesma forma, com antecipação fervorosa e espírito de celebração, acontecem com os grandes festivais de música e ópera do planeta no verão Europeu e Norte Americano. A famosa “peregrinação” ao teatro construído por Wagner no sul da Alemanha, em Bayreuth, é um evento anual, “obrigatório” tanto no calendário de fãs do compositor quanto de políticos e personalidades alemãs e européias do primeiro escalão. O mesmo acontece com os vizinhos festivais de verão de Salzburgo e Munique. Nos EUA, no meio do deserto, há o Festival de Santa Fé (para onde o nosso Villa-lobos compôs no fim dos anos 1950 sua mais poderosa ópera, YERMA). Na Inglaterra, uma gente ‘bacana’ vai fazer piquenique e ouvir ópera nos jardins da pequena Glyndebourne — festival que com os anos inspirou uma dúzia de outras óperas de verão por todo Reino Unido. É assim mesmo, sem lamento: cada lugar tem seu tipo de festival predileto para celebrar a estacão quente, solar. Nós, que vivemos mais da metade do ano no calor e num clima sem frio, talvez esqueçamos como é ter de celebrar uma pequena época de luz, alguns meses de calor e de sol. Até achamos que Carnaval é um festa só nossa, brasileira, desavisados de toda força dessa celebração na Europa, sobretudo na Alemanha (uma das mais lindas e geniais pintura de Bruegel é justamente sobre a ‘batalha’ entre o Carnaval e a quaresma).

E o que a ópera tem a ver com isso? É simples: sempre que vejo o verão carioca, a cidade animada e apinhada de turistas, fico pensando por que motivo nunca tivemos um festival de verão, de ópera ou dessa música (dita) erudita. Fico pensando no monte de artistas importantes que conheci ao longo de anos morando em Londres e que repetiam a mesma ladainha de como odiavam o inverno, de como dariam tudo para escapar a escuridão e o frio “for a week in Copacabana”. Há uns anos, aliás, o Municipal do Rio prolongou sua temporada com apresentações da opereta O Morcego por janeiro adentro (e, salvo engano, também com o balé Quebra-nozes); dizem que foi um sucesso (ainda mais com o ar-condicionado polar do nosso Theatro). Fico buscando na história da ópera no Rio exemplos de tentativas de óperas no verão, de preferência ao ar-livre: acho algumas, mas poucas — porém são de sucesso. Por que ficaram restritas àquelas iniciativas, como a Ópera Nacional nos idos de 1860?

O mundo mudou, o Carnaval mudou. Bem que no próximo verão, de ressaca olímpica, podíamos mudar um pouquinho e incrementar nosso cardápio de atividades e lazer para os turistas que vêm ao Rio. A minha fantasia já está pronta.

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