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Olha o passarinho

Espécie nativa do Rio, o formigueiro-do-litoral luta para não desaparecer

Por Renan França
Atualizado em 5 dez 2016, 15h38 - Publicado em 18 abr 2012, 21h02

Na lista da União Internacional de Conservação da Natureza que apontou 190 aves em estado crítico de extinção no planeta, uma delas chamou a atenção dos cariocas. Trata-se do formigueiro-do-litoral, pequeno pássaro alvinegro, com 15 centímetros de altura e pouco mais de 15 gramas. Espécie endêmica da Mata Atlântica fluminense, seu habitat fica circunscrito a uma faixa da Região dos Lagos que vai de Saquarema a Cabo Frio – e só. Ele não pode ser encontrado em nenhum outro lugar do mundo.

Incluído nesse grito de alerta, o emplumado vem mobilizando pesquisadores e ornitólogos, que abraçaram a causa e lutam para evitar seu desaparecimento. Um grupo do departamento de ecologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) fez um trabalho de campo que consistiu na colocação de pulseira em um bando, com o objetivo de acompanhar sua evolução. Em outra área de atuação, ambientalistas pressionam a Assembleia Legislativa do Estado (Alerj) para destinar recursos ao Parque Estadual da Costa do Sol, criado por decreto no ano passado com vistas à preservação de animais amea­çados e sítios arqueológicos, mas ainda carente de um melhor aparelhamento. Por falta de vigilância, há construções irregulares em curso e trilhas para a prática de motocross. ?Fosse em outro país, o local já estaria cercado, sinalizado e com uma fiscalização ostensiva?, lamenta o biólogo Pedro Develey, da Sociedade para a Conservação das Aves do Brasil.

Descoberto em 1951, o ?com-com?, como também é conhecido, descende de uma espécie da serra fluminense que, ao migrar para a restinga, adquiriu novos hábitos e características. Ele se alimenta de formigas, grilos, lagartas e mariposas. Quando de sua catalogação, na década de 50, a estimativa é que houvesse 50?000 formigueiros-do-litoral batendo as asas pela faixa litorânea. Prejudicado pela invasão imobiliária em seu território, acentuada dos anos 80 para cá, ele aos poucos se viu dizimado. Segundo levantamento recente, somente 2?500 sobreviveram. A título de comparação, o mico-leão-dourado, outro habitante da Mata Atlântica a perigo, chegou a ter apenas 200 exemplares nos anos 70. Após um conjunto de iniciativas para evitar seu sumiço, a fauna encorpou e hoje registra 1?600 primatas.

Nas últimas três décadas, 21 espécies de aves foram extintas e, atualmente, uma em cada oito corre alto risco em escala global. ?Vivemos um desafio sem precedentes?, alerta Maurício Vecchi, professor do departamento de ecologia da Uerj. Que o nosso conterrâneo supere a ameaça e recupere a autonomia para voar por muito mais tempo.

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