Como me Tornei Estúpido
- Duração: 90 minutos
- Recomendação: 14 anos
Resenha por Jefferson Lessa
Romance de estreia do francês Martin Page, de 2000, quando o autor contava apenas 25 anos, Como me Tornei Estúpido conquistou empatia e sucesso imediatos. Foi traduzido em mais de vinte idiomas — no Brasil, lançado em 2005, esgotou-se em três semanas. A ótima acolhida ao livro, uma sátira espirituosa a valores dúbios como o consumismo, a futilidade e o imediatismo contemporâneos, deixa no ar uma questão: estamos conseguindo rir de nós mesmos ou apenas nos tornamos tão cínicos que nada mais nos abala? Em cartaz no Teatro Sesc Ginástico, a adaptação da obra de Page para o teatro aposta em atraente meio termo, sem ser infiel ao original, conciliando o humor da trama com crítica social suave. Na peça, como no livro, Antonio (Alexandre Barros) é um rapaz inteligente e culto que não consegue ser feliz. Ele culpa as próprias virtudes por seu sentimento de inadequação. Antes de concluir que só a imersão na burrice reinante o tornará contente, adaptado à sociedade, o personagem busca “saídas” alternativas, a exemplo do alcoolismo e do suicídio. No começo da sessão, os atores comentam assuntos rotineiros — completam o elenco Gustavo Wabner, Marino Rocha e Rodrigo Fagundes, como amigos próximos do protagonista. Um dos temas abordados é a campanha (real) da célebre e cara marca italiana Diesel, de 2010, cujo slogan era Be stupid! (literalmente, “Seja burro!”). A dramaturgia de Pedro Kosovski introduz, acertadamente, elementos mais recentes à história (as redes sociais, por exemplo, são um fenômeno posterior ao livro). Na direção, Sergio Módena segue linha ágil e leve, sem exagerar nas características cômicas dos quatro amigos. Entrosados, os atores parecem se divertir no palco e contagiam a plateia. A peça reestreia na quinta (7), no Teatro Clara Nunes, após ter cumptrido uma temporada bem-sucedida no Sesc Ginástico.